Mêda promete continuar a lutar para impedir fecho do tribunal

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Porto Canal / Agências

Mêda, 17 fev (Lusa) - A Câmara Municipal de Mêda promoveu hoje uma manifestação pública pela manutenção do tribunal, que juntou cerca de 700 pessoas, e o seu presidente promete continuar a lutar pela continuidade do serviço.

Durante a ação de protesto realizada durante cerca de uma hora junto do edifício do tribunal de Mêda, o autarca Anselmo Sousa (PS) anunciou que para além de uma providência cautelar, a autarquia irá lançar uma petição pública e pedir audiências aos grupos parlamentares na Assembleia da República.

"Vamos recolher assinaturas por todos os cidadãos e depois iremos entregar, juntamente com os outros Municípios, para que o diploma ainda possa ser revisto na Assembleia [da República]", anunciou Anselmo Sousa.

Segundo o autarca, com o fecho do tribunal local os processos judiciais serão tratados no concelho de Vila Nova de Foz Côa.

"A justiça ficará à volta de 30 quilómetros de distância, em que não temos transportes. As pessoas são idosas, não se podem descolar. Isso é um constrangimento muito grande. Temos a certeza de que para essas pessoas deixa de haver justiça", denunciou.

O autarca referiu que irá "fazer tudo por tudo para que o tribunal se mantenha", assumindo que "outras formas de luta virão a seu tempo".

"A Câmara vai continuar a apoiar as manifestações de rua e todo o tipo de manifestações que servem para defender esta causa", disse, considerando necessário "convencer" a ministra da Justiça a suspender a decisão.

Se for preciso, admitiu apoiar medidas radicais como o corte do IP2: "Não queríamos chegar a tanto, mas estamos aqui para fazer tudo para defender realmente os interesses do nosso concelho".

O líder da concelhia socialista de Mêda, Cláudio Rebelo, adiantou à agência Lusa que os habitantes também podem vir a boicotar as eleições europeias, em maio.

"A democracia está em causa, não há democracia sem justiça. Se vemos encerrado o tribunal (...), não temos que pactuar com uma democracia caduca", justificou.

O concelho de Mêda exige a manutenção do tribunal, inaugurado há 12 anos e que registou, em 2013, um total de 340 processos, segundo a autarquia.

No protesto, para além de habitantes, estiveram os autarcas socialistas de Fornos de Algodres e de Trancoso, o presidente da Federação distrital do PS/Guarda e a deputada do BE Helena Pinto, que denunciou que o atual Governo "só conhece dois verbos": cortar (cortar nos direitos) e encerrar (todos os serviços do interior).

"Têm toda a razão. O tribunal é vosso", disse a deputada dirigindo-se aos habitantes de Mêda, que empunhavam cartazes e gritavam "queremos o tribunal" e "o tribunal é nosso".

Guilhermina Silva, 87 anos, disse à Lusa que marcou presença no protesto por querer "continuar a ter tribunal" na cidade onde vive, por não ter transporte para se deslocar a outro município.

"Sempre tivemos tribunal, sempre aqui defendemos as nossas causas. Se depender do povo, o tribunal continua", garantiu António leal, de 67 anos.

ASR // SSS

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