Ex-ministro da Educação Marçal Grilo recusa humilhações em praxes
Porto Canal
O antigo ministro da Educação Marçal Grilo disse hoje não aceitar que jovens sejam maltratados e humilhados em praxes, mas advertiu que não se deve misturar "casos de praxe com casos de polícia".
"A sociedade não aceita este tipo de comportamento, eu como cidadão recuso-me a aceitar tratamentos de jovens que entram nas universidades e que são maltratados, humilhados e a quem lhes é retirada a sua dignidade", afirmou o antigo ministro da Educação, em declarações aos jornalistas à margem de uma homenagem realizada esta tarde na Fundação Calouste Gulbenkian ao escritor Vasco Graça Moura.
Sublinhando que não se pode permitir que "nas instituições mais sofisticadas do conhecimento em Portugal se pratiquem atos que são verdadeiros atos de vandalismo", Marçal Grilo considerou existirem várias maneiras para resolver o problema, sendo necessário antes de mais dialogar, conversar e negociar.
Questionado sobre o caso do Meco, onde a 15 de dezembro morreram seis estudantes universitários que tinham alugado uma casa na zona para passar o fim de semana, o antigo ministro da Educação escusou-se a fazer comentários alegando que "ninguém conhece pormenores sobre o caso".
"Ninguém tem ideia nenhuma se aquilo se passou com praxe ou sem praxe, depois de praxe ou antes da praxe. Portanto não vale a pensa estar a misturar umas coisas com as outras, como também não vale a pena misturar casos de praxe com casos de polícia", declarou.
Porém, acrescentou, o caso do Meco "é uma tragédia que importa clarificar".
O debate sobre a questão das praxes surgiu na sequência da morte de seis jovens na praia do Meco, Sesimbra, a 15 de dezembro. Faziam parte de um grupo de sete estudantes universitários que tinham alugado uma casa na zona, para passar o fim de semana. Segundo as autoridades, uma onda arrastou-os na madrugada de 15 de dezembro, mas um dos universitários conseguiu sobreviver.
A investigação dos acontecimentos está entregue às autoridades judiciais e a Universidade Lusófona, na qual estudavam as vítimas, abriu um inquérito interno para apurar o que se passou.