Conselho empresarial reclama projetos para a Beira Interior
Porto Canal / Agências
Fundão, 31 jan (Lusa) - O Conselho Empresarial das Beiras e Serra da Estrela (CEBSE) vai elaborar um documento reivindicativo para apelar ao Governo que concretize os projetos rodoviários e ferroviários "há muito" reivindicados para a Beira Interior, disse hoje o presidente do organismo.
Em declarações à agência Lusa, Rogério Hilário assumiu que foi com "muita estupefação" que verificou que "projeto estruturantes, prementes e há muito prometidos à região" não estão incluídos no relatório final do grupo de trabalho para as infraestruturas de elevado valor acrescentado, que está em discussão pública desde quarta-feira.
"Já temos uma assembleia-geral marcada e certamente que as nossas razões, argumentos e apelos serão vertidos num documento que enviaremos ao Governo e até mesmo à União Europeia", referiu o presidente do CEBSE, organismo que foi recentemente criado e que representa cerca de 12 mil empresas agregadas em oito associações comerciais e empresariais dos distritos da Guarda e Castelo Branco.
Este responsável adiantou que o documento reivindicativo deverá ser articulado com as "autarquias, comunidades intermunicipais da região [Beiras e Serra da Estrela e Beira Baixa], bem como outras forças vivas locais".
O objetivo é obter "a escala necessária que leve o Governo a olhar para o problema e a decidir sem ser com base no relatório", disse.
De acordo com Rogério Hilário, entre os projetos que os empresários esperavam ver incluídos na lista das obras prioritárias estavam as ligações à Serra da Estrela, designadamente o IC6 (Covilhã/Tábua, via Serra da Estrela), o IC7 (Fornos de Algodres/Oliveira do Hospital) e o IC37 (Seia/Viseu), bem como a concretização do IC31, que deveria ligar o sul do distrito de Castelo Branco a Espanha.
Estradas que classificou como "fundamentais para o desenvolvimento do interior e das empresas que ainda se mantêm da região".
"Sem estradas não conseguiremos sobreviver. Assim as nossas empresas não conseguem competir e isso tem de ser tido em linha de conta ou um dia destes deixamos todos de ser os resilientes do Interior e passamos a ser inquilinos do Litoral", afirmou.
Além das estruturas rodoviárias, o representante das associações comerciais e empresariais, também apelou à "efetiva conclusão" da beneficiação da Linha da Beira Baixa, o que não antevê pelas datas apresentadas no relatório do grupo de trabalho.
"Atiram a obra para 2016 a 2020, o mesmo é dizer que a obra não é prioritária e quem sabe se será feita ou não", apontou.
Rogério Hilário recordou que a ligação ferroviária entre a Covilhã e a Guarda está fechada porque as obras de beneficiação da linha foram interrompidas, "depois de se terem investido milhões".
"Estamos perto de um caso de dolo. Já não é só negligência, ninguém consegue perceber que se tenha investido para nada. Alguém tem de ser responsabilizado por tudo isto e a obra tem que se avançar", reiterou.
Como "aparentemente positivo", o presidente do CEBSE destacou o facto de o relatório concluir que as portagens "encarecem o produto" e retiram "competitividade" às empresas e assumiu que, nesse ponto, espera que o "Governo haja em conformidade".
"O ideal e o justo seria custo zero, precisamente para termos o mesmo tratamento de outras regiões do país pelas infraestruturas que já têm e vão ter, mas, se assim não o fizerem, pelo menos que cumpram a promessa e reduzam o valor que pagamos na A25 e A23", reivindicou.
CYC // SSS
Lusa/fim