Oliva recebe única mostra europeia da retrospetiva do cineasta Apichatpong Weerasethakul

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Porto Canal com Lusa

São João da Madeira, Aveiro, 20 jun (Lusa) - O Núcleo de Arte da Oliva Creative Factory acolhe, a partir de sexta-feira, em São João da Madeira, a única mostra europeia da exposição retrospetiva "A serenidade da loucura", sobre a obra do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul.

Produzida pelo Independent Curators International de Nova Iorque e comissariada por Gridthiya Gaweewong, a exposição integra mais de 20 obras realizadas entre 1994 e 2017 pelo "cineasta de culto", vencedor da Palma de Ouro de 2010 no Festival de Cannes, e apresenta em estreia mundial a peça "Memoria, Boy at Sea / Memória, Rapaz no Mar" (2017), relacionada com o filme que o realizador tem atualmente em fase de produção na América do Sul.

Todas essas obras foram concebidas no contexto da realização de longas-metragens, materializando-se em filmes experimentais, guiões, material documental, fotografias e instalações, como acontece com "Fireworks: Archives / Fogo-de-artifício: Arquivos" (2014), uma projeção de grandes dimensões maioritariamente formada por imagens sobre a coleção de animais de pedra do escultor e místico tailandês-laociano Bunleua Sulilat (1932-1996).

"Quando alguém vai ver um filme meu, acho que o melhor é não ter expectativas e só absorver as luzes, os sons, e tentar criar as suas próprias boas memórias", declara Apichatpong Weerasethakul. "Estas peças [na exposição] resultam da minha experiência pessoal e das minhas memórias, mas considero-as 'abertas' o suficiente para que todos as possam apreciar e relacionar com as suas próprias experiências - ou simplesmente usufruir da sua luz e cores", defende.

Se na obra cinematográfica do realizador por vezes se repetem locais e atores, estando a audiência que os recorda confinada a uma posição estática e "hipnotizada" como espectadora, na Oliva o cineasta também explora o conceito de memória, mas envolve-o numa maior interatividade. "É suposto que muitas das peças permitam um público bastante ativo, porque o fazem caminhar no espaço ou sair, se quiser", explica Weerasethakul.

Isso significa que "arte plástica e cinema são duas expressões diferentes", o que não invalida que o realizador lhes reconheça elementos comum como "certas manifestações de felicidade e opinião política, idênticas, mas expressas de forma distinta".

Andreia Magalhães, diretora do Núcleo de Arte da Oliva Creative Factory, realça que Weerasethakul é "ainda bastante jovem", mas tem já uma obra "muito desenvolvida", pelo que o aponta como "um dos mais reconhecidos artistas e cineastas da atualidade".

Estando em causa "a única retrospetiva que existe sobre a sua carreira" e o facto de a Oliva acolher aquela que será "a única apresentação europeia desta exposição", a mostra de São João da Madeira proporcionará assim ao público um novo e privilegiado olhar sobre o "singular processo criativo do artista".

Em parceria com a Escola de Artes da Universidade Católica Portuguesa e com o Centro de Arte de São João da Madeira, "A serenidade da loucura" abrange as duas últimas décadas do "trabalho reflexivo e não-linear" de Weerasethakul, que, tendo nascido em 1970, vem explorando na sua carreira temas como a fé, a memória e o renascimento - muitas vezes recorrendo a narrativas tradicionais da sua região natal, Isaan, ou adotando registos como ficção-científica, aventura e mito.

"Tanto nos seus filmes narrativos como em projetos experimentais, memórias pessoais estão interligadas com o efémero e o supernatural, evocando a fluidez e as distorções da história", acrescenta fonte da Oliva.

Visitável até 02 de setembro, a retrospetiva estará, por isso, estruturada de acordo com "a reação intuitiva do artista ao espaço da exposição", que Weerasethakul diz ser "arquitetonicamente muito bonito" e "honrar a memória do passado": uma secção da mostra corresponde ao mundo privado do cineasta e às suas relações pessoais; outra contempla o público através de conceitos abstratos "como a luz, a memória e a poesia do deslocamento temporal, espacial e espiritual".

Apichatpong Weerasethakul, que considera "muito belo" o cinema de Manoel de Oliveira e de Pedro Costa, esteve em Portugal em 2016, para as estreias nacionais de "Cemitério do Esplendor", o filme, e do espetáculo que o prolonga em palco, "Feever Room", apresentado no âmbito do festival Temps d'Images, tendo ainda concebido a exposição "Liquid Skin", para a casa das caldeiras da antiga Central Tejo, do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.

AYC // MAG

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