Presidente da República declara-se preocupado com "nova moda das democracias iliberais"

Presidente da República declara-se preocupado com "nova moda das democracias iliberais"
| Política
Porto Canal com Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou-se esta terça-feira preocupado com "esta nova moda das democracias iliberais", sem mencionar nenhum caso específico, e com a sustentabilidade dos órgãos de comunicação social.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou estas mensagens numa intervenção em inglês num jantar do Congresso da Associação Mundial de Jornais, no Palácio Foz, em Lisboa, que depois sintetizou aos jornalistas.

"O que é mais preocupante é, em democracias, esta nova moda das democracias iliberais, que não são democracias. Os populismos, as xenofobias, as exclusões, o unilateralismo, o ataque às organizações internacionais, estes movimentos e estes partidos que surgem", declarou.

Segundo o chefe de Estado, esses são "problemas vivos, prementes e inesperados" também identificados pelos representantes de grupos de comunicação social presentes neste encontro internacional, que "não esperavam, em democracias mais ou menos antigas, assistir a este fenómeno".

"Depois, sobre Portugal, eu disse que, felizmente, em termos de liberdade de imprensa, estamos bem. Mas há um problema económico e financeiro, eu não entrei em pormenores, que é o problema da sustentabilidade dos órgãos de comunicação social", relatou.

O Presidente da República referiu que tem havido "durante muitos anos, a dificuldade de o consumidor substituir a falta de receitas de publicidade e, portanto, meios de comunicação social que passam a ter uma base muito mais frágil do ponto de vista económico e financeiro".

Na intervenção que fez, em inglês, mais de meia hora antes do previsto, Marcelo Rebelo de Sousa não desenvolveu o tema da situação deste setor no plano nacional, mas apresentou Portugal como "uma verdadeira democracia, que ama todas as liberdades" e que vive a liberdade de imprensa "sabendo como é duro sobreviver, em muitos casos".

"Nós realmente lutamos por democracia, pela liberdade de imprensa, pela inclusão, pelo multilateralismo – que já não estão na moda, como sabem, especialmente nas democracias", acrescentou, em tom de lamento, expressando preocupação com o atual contexto global.

O chefe de Estado centrou o seu discurso nas chamadas "democracias iliberais", considerando que a falta de liberdades e de pluralismo "é ainda pior em democracias bem conhecidas" do que em sociedade tradicionalmente subdesenvolvidas e não democráticas.

"É ainda pior em democracias bem conhecidas, onde vemos agora populismo, xenofobia, exclusão, unilateralismo, e isso não são boas notícias. Levou-nos tanto tempo para construir organizações internacionais, criar condições para o diálogo em todo o mundo e, de repente, não apenas num único caso, mas em muitos casos", afirmou.

Embora sem nomear nenhum país, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que estava também a pensar na União Europeia: "É preocupante ver como estes movimentos e partidos se tornam tão poderosos, tão importantes, que a certo ponto discutem a própria ideia da União Europeia, da integração europeia que foi o resultado de 60 anos".

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.