Professores admitem greve a exames, aulas e lançamento de notas
Porto Canal com Lusa
Os professores admitem avançar com uma greve aos exames nacionais, às aulas e a tarefas burocráticas como o lançamento de notas, caso o Ministério da Educação mantenha a proposta de contagem do tempo de serviço hoje apresentada.
Atualizado 05-06-2018 12:07
Os docentes exigem a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço em que a contagem este congelada, ao passo que o Ministério da Educação só está disponível para a recuperação de menos de três anos.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião com o ministro da Educação, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, considerou “uma chantagem” a forma como Tiago Brandão Rodrigues quis negociar.
Segundo Mário Nogueira, o ministro dá aos professores apenas duas hipóteses: ou os sindicatos aceitam a proposta da tutela – menos de três anos - ou terminam as negociações sobre esta matéria sem recuperação de qualquer tempo serviço.
“Quando temos um Governo que através do senhor ministro da Educação vai para uma reunião política com a Fenprof, apresentando uma posição de chantagem em relação ao tempo de serviço, eu acho que está tudo dito”, acusou Mário Nogueira, explicando o que Tiago Brandão Rodrigues terá dito aos representantes da Fenprof: “Se os sindicatos não aceitarem apagar 70% do tempo de serviço e aproveitar do tempo congelado apenas dois anos, nove meses e 18 dias então, a partir de agora, a proposta do Governo desaparece e apaga-se o tempo todo”.
Para a Fenprof é “inaceitável esta postura (do Ministério da Educação) do 'ou querem assim ou não querem nada´”.
Mário Nogueira lembrou que, no último Orçamento de Estado, os deputados determinaram que seria negociado apenas o modo e o prazo de recuperação do tempo de serviço congelado, estando garantido "o tempo todo”.
Após a reunião de hoje, o líder da Fenprof contactou outras estruturas sindicais, entre as quais a Federação Nacional da Educação, tendo chegado a acordo para manter a greve às avaliações a partir do dia 18, cujo pré-aviso de greve já foi entregue.
As estruturas sindicais acordaram ainda a hipótese de os professores poderem avançar para uma greve aos exames nacionais assim como às aulas que ainda estão a decorrer até ao final do ano letivo e a tarefas burocráticas, como o lançamento de notas.
A decisão de avançar para estas formas de luta será tomada e conhecida apenas na próxima quarta-feira, à tarde, depois de terminadas as reuniões agendadas entre todos os sindicatos e o Ministério da Educação.
“Os professores não são filhos de um deus menor”, afirmou Mário Nogueira, lembrando que a grande maioria dos trabalhadores da Função Pública viu recuperado todo o tempo de serviço.
O secretário-geral da Fenprof voltou a recordar que os professores “não estão a pedir bonificações”, mas sim o direito ao “tempo que trabalharam, que estiveram nas escolas e cumpriram com os seus deveres profissionais”.
Depois de três horas e meia de reunião com a Fenprof, Tiago Brandão Rodrigues recebeu representantes da Federação Portuguesa de Professores (FPP), do Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), do Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), do Sindicado Nacional dos Professores Licenciados (SNPL), do Sindicato dos Educadores e Professores do Ensino Básico (SIPPEB).
Em declarações à Lusa no final do encontro, que durou cerca de hora e meia, a presidente do SIPE reafirmou as informações já antes avançadas por Mário Nogueira: “O Ministério, o que nos deu foi zero. No fundo foi quase uma chantagem”, afirmou Júlia Azevedo.
“Luta, luta, luta” é o que os professores agora irão fazer, sublinhou Júlia Azevedo, acrescentando que “a greve às avaliações vai continuar até tempo indeterminado”.
Durante a tarde, o ministro da Educação deverá receber representantes da FNE.