Galegos e minhotos protestam em Santiago contra ligação de alta tensão
Porto Canal / Agências
Monção, 09 jan (Lusa) -- A vereadora das Obras e Urbanismo da Câmara de Monção, Conceição Soares, revelou hoje que "cerca de 200 pessoas" participaram em Santiago de Compostela no protesto contra a nova ligação elétrica de alta tensão entre Espanha e Portugal.
Os impactos "deste tipo de linha para a saúde pública" estão na origem da manifestação que decorreu esta manhã e contou com a presença de autarcas e população de Monção, Portugal, e de Arbol, Espanha, explicou a vereadora.
Conceição Soares revelou ainda que o parecer que a Câmara de Monção terá de entregar no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da nova ligação vai incluir as "preocupações da população", através de uma "sessão de esclarecimentos" ainda sem data marcada.
"Do lado português vamos fazer uma sessão de esclarecimentos para a população apresentar as suas dúvidas e reclamações, para que, no parecer que a Câmara de Monção terá de dar, possam vir refletidas essas preocupações. O objetivo é que o parecer possa ser não só da Câmara mas também da população", afirmou, explicando que ainda não foi marcada uma data para a iniciativa.
Em causa está a construção de uma linha elétrica de 400 KV desde Fontefria, em território galego, e até à fronteira portuguesa, com o seu prolongamento à rede elétrica nacional, no âmbito da Rede Nacional de Transporte (RNT) operada pela empresa Rede Elétrica Nacional (REN).
O troço português, em consulta pública ambiental até 13 de fevereiro, prevê a construção desta linha através de oito dos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo e ainda por Vila Nova de Famalicão, Barcelos (ambos do distrito de Braga, Vila do Conde e Póvoa de Varzim (os dois do distrito do Porto).
No protesto de hoje, para além da vereadora estiveram presentes presidentes das juntas de oito das 24 freguesias de Monção, adiantou Conceição Soares.
Para a Câmara de Monção, a apreensão deve-se ao facto de o EIA não fazer "nenhum alerta para a saúde", não referir "quais os impactos deste tipo de linha para a saúde".
"Os outros impactos, quer na fauna quer na flora, tudo isso está previsto no EIA. Em termos do que é a saúde não fala. Não há muitas certezas, daí mais preocupação para as pessoas que ficarão perto desta linha", sublinhou a vereadora.
Conceição Soares esclareceu que "do lado português estão previstos vários traçados, uns alternativos a outros" e que será o EIA a ditar qual "o que ficará".
Do lado espanhol é também com a saúde que as pessoas "estão mais preocupadas", até porque aí "só há um" traçado previsto e "passa por cima de áreas urbanas", vincou a vereadora.
Assim, os protestos da população de Arbo são no sentido de que a linha "seja desviada" dessas zonas ou que "seja enterrada".
De acordo com o documento em Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) na Agência Portuguesa do Ambiente, o troço nacional deste projeto prevê a construção de duas novas linhas duplas trifásicas de 400 KV, atravessando, potencialmente, 121 freguesias.
Trata-se de um novo eixo de ligação entre a fronteira e o Porto que, ainda de acordo com o documento, "permitirá dar resposta simultânea a várias necessidades de reforço da rede, no sentido da receção de nova produção renovável na zona do Minho", mas também para garantir o "aumento das capacidades de interligação com Espanha e de melhores condições de alimentação aos consumos do Minho litoral".
"A nível regional, a não concretização do presente projeto será negativa, uma vez que poderá pôr em causa os objetivos de reforço da RNT de eletricidade e de interligação a Espanha", lê-se no documento, consultado pela Lusa.
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