Seca: Agricultores querem conclusão do plano de rega do Alentejo

| País
Porto Canal com Lusa

Setúbal, 26 nov (lusa) - Os agricultores do distrito de Setúbal acreditam que a solução para os períodos de seca no sul do país passa pela gestão da água em alta, pelo Estado e pela construção da barragem do Pisão, no distrito de Portalegre.

A construção da barragem do Pisão, no concelho do Crato, obra prevista no Plano de Valorização (plano de rega) do Alentejo, elaborado em 1957, é apontada pela Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal (AADS) como a solução para o abastecimento de diversas barragens da região alentejana, a par dos transvases da barragem do Alqueva e de outra forma de gestão da água em alta.

A gestão da água do Alqueva em alta tem sido assegurada pela empresa pública EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, SA) e pelas associações de regantes, mas a AADS defende que deve ser gerida apenas pelo Estado, de forma a garantir preços comportáveis para os produtores de arroz.

"É preciso que sejamos capazes de ir ao Alqueva buscar a água de que necessitamos, por transvase, aqui para a região. E isso implica medidas de fundo, de gestão da água em alta, por parte do estado", disse à Lusa Joaquim Manuel Lopes, técnico da AADS, durante uma visita à exploração de arroz Várzea da Marateca, no concelho de Palmela, distrito de Setúbal, uma das muitas que estão em risco de não ter produção em 2018 devido à falta de água.

"Precisamos de agir construindo o que falta do plano de rega do Alentejo. A construção da barragem do Pisão, no concelho do Crato, com o respetivo transvase do Tejo para essa barragem, o que permitirá recarregar as barragens a jusante dessa de modo a regar o Baixo Ribatejo e o Alto Alentejo, é fundamental. E depois é necessário que seja feita uma estação de bombagem a montante do Alqueva, que permita recarregar barragens, por exemplo, a barragem do Divor (concelho de Arraiolos, distrito de Évora) e a barragem dos Minutos (Montemor-o-Novo, Évora), se vier a ser necessário", disse.

Além da falta de água provocada pela seca, os agricultores também se queixam do preço elevado dos transvases a partir da barragem do Alqueva. E, em alguns casos, preferem esperar que chova a fazerem transvases a preços que consideram incomportáveis.

"Neste período de inverno, quando as barragens vão recuperando a sua capacidade de armazenamento para depois termos água para a rega a partir de abril, temos nós esperança de que a chuva que vai caindo seja suficiente para repor a capacidade de armazenamento. Começar a comprar água em outubro, significa que, depois, quando começar a chover, podemos ter necessidade de deitar água fora. E, àqueles preços, não podemos correr esse risco", justifica o coordenador da Associação de Regantes do Vale do Sado, Gonçalo Faria, adiantando que já houve contactos com a EDIA e com o Governo para tentar encontrar soluções.

"Foram apresentadas algumas alternativas, nomeadamente do preço da água, para se tentar encontrar uma forma de reduzir esse preço para a cultura do arroz, à semelhança daquilo que já vem acontecendo com a taxa de recursos hídricos, em que a cultura do arroz tem um preço muito mais reduzido", disse.

A falta de água, que na barragem do Pego do Altar, em Alcácer do Sal, deixou visível uma ponte submersa há 18 anos, também preocupa o presidente da AADS, Joaquim Caçoete, que, depois de um ano com uma "produção agrícola excecional" em toda a região, antevê uma quebra significativa já em 2018.

"A produção que tivemos este ano nos hortícolas e na uva - estamos numa região vinícola muito forte - foi excecional, com elevadas produções. O que nos preocupa agora é que os custos de produção para a próxima época sejam demasiado elevados se não forem tomadas medidas por parte do Governo", disse Joaquim Caçoete.

"Nós precisávamos que, nesta fase muito grave que estamos a passar, a água da barragem do Alqueva tivesse preços mais reduzidos, para que seja possível passar água de umas barragens para outras que são fundamentais para a rega, nomeadamente para o arroz. Também verificamos que, se não forem tidos em conta os custos da eletricidade - das bombas dos furos de captação de água -, vamos ter aqui uma situação de abandono de algumas colheitas, de algumas culturas. E não vamos ter colheitas em 2018", acrescentou.

Perante este quadro, o presidente da AADS desafiou o Governo a tomar as medidas necessárias para fazer face aos problemas imediatos dos agricultores da região e para a conclusão do Plano de Valorização do Alentejo.

GR // MCL

Lusa/Fim

+ notícias: País

Homicídios por violência doméstica e pedidos de ajuda aumentam na época do Natal

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) alerta que as situações de homicídio e pedidos de ajuda por violência doméstica aumentam no Natal e passagem de ano, por causa da pressão das festas natalícias.

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".

Proteção Civil desconhece outras vítimas fora da lista das 64 de acordo com os critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) disse hoje desconhecer a existência de qualquer vítima, além das 64 confirmadas pelas autoridades, que encaixe nos critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro.