Incêndios: Vouzela diz que apoios serão insuficientes para necessidades da região
Porto Canal com Lusa
Vouzela, Viseu, 25 out (Lusa) - O presidente da Câmara de Vouzela congratulou-se hoje com a globalidade das medidas aprovadas no Conselho de Ministros Extraordinário de sábado, a propósito dos últimos incêndios, mas disse que as verbas parecem ser insuficientes para as necessidades da região.
"De uma forma global, vemos como positivas as medidas decididas no último Conselho de Ministros Extraordinário, porque são medidas para mitigar, diminuir e resolver os impactos relativamente aos últimos incêndios florestais. No entanto, penso que é preciso haver um reforço, pois as verbas decididas não serão suficientes para aquilo que são as necessidades da região e do país", sustentou Rui Ladeira.
Em declarações à agência Lusa, o autarca de Vouzela admitiu que face "à catástrofe" provocada pelos incêndios de 15, o programa eleitoral desenhado para o seu segundo mandato foi posto em causa.
"O Governo, face às suas responsabilidades, também tem de colocar prioritariamente o Orçamento do Estado, ou boa parte dele, ao serviço do que foi esta calamidade", acrescentou.
Para Rui Ladeira, é urgente que as medidas aprovadas no último Conselho de Ministros Extraordinário sejam colocadas em prática, até porque "o inverno está à porta".
"Ainda ontem [terça-feira], na reunião com o senhor secretário de Estado das Florestas, demonstrei preocupação em relação à forma de abater e extrair a madeira [das árvores queimadas]. Se não houver medidas de controlo e cuidado nessa extração, vai haver grande destruição e erosão do solo", alertou.
É ainda necessário "evitar a destruição do potencial produtivo que ainda existe" e "impedir a contaminação dos solos através do arrastamento de águas e de cinzas na água potável e cursos de água".
No seu entender, a compensação em relação aos prejuízos causados pelos incêndios, no que toca a recuperação das habitações e empresas, também deve ser urgente.
Em termos de primeiras habitações, terão sido atingidas "entre 25 a 30", para além de meia centena de habitações secundárias. O número de empresas "deve rondar as 70", embora admita que possa "ainda chegar às 120", uma vez que o levantamento ainda está a ser feito.
"Outra das áreas que me preocupa em particular é o apoio ao pequeno agricultor, temos a plataforma onde se estão a identificar prejuízos, mas é preciso que rapidamente se deem respostas em relação às suas perdas", referiu.
De acordo com Rui Ladeira, a sua preocupação não é apenas em relação aos agricultores que se encontram coletados, mas também em relação aos agricultores que iam granjeando para subsistência e que contribuíam, sobretudo, para a "gestão e vitalidade das paisagens das aldeias" do seu concelho.
"Viram destruído o seu património, ferramentas, tratores agrícolas, currais de animais, pomares, vinhas e olivais e isto tem de ser acautelado. Quero e ambiciono que haja uma resposta imediata e concreta, com investimento no terreno, para diminuir a dor e o desespero dos nossos cidadãos", apontou.
O incêndio que atingiu o concelho de Vouzela no dia 15 causou oito vítimas mortais e consumiu cerca de 80% do território municipal. As chamas 'varreram' cerca de 90% da mancha florestal.
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