Estabilidade emocional das vítimas de Pedrógão Grande abalada com fogos recentes
Porto Canal com Lusa
Pedrógão Grande, Leiria, 23 out (Lusa) - As pessoas afetadas pelo incêndio de Pedrógão Grande reviveram o 17 de junho com os fogos recentes que deflagraram na região, havendo um abalo da sua estabilidade emocional, afirmou a coordenadora para a saúde mental na zona da catástrofe.
"Houve uma regressão relativamente à estabilidade emocional. Face à situação similar, as pessoas voltaram a reviver a dimensão da catástrofe por que tinham passado", disse hoje à agência Lusa a coordenadora para a saúde mental na zona de catástrofe de Pedrógão Grande, Ana Araújo.
Segundo a responsável, "muitas das pessoas" que estavam a ser seguidas "voltaram atrás no processo de recuperação", sendo que a equipa de saúde mental está "a desenvolver estratégias para que as coisas voltem a estabilizar um pouco mais".
"As pessoas que foram vítimas de perdas de familiares e amigos estão identificadas e estamos a tentar aproximar as consultas e a fazê-las com mais periodicidade", explanou, referindo que houve pessoas que contactaram com a equipa comunitária nos dias após os incêndios de dia 15.
A coordenadora da equipa sublinhou que os incêndios foram em concelhos vizinhos ou próximos, havendo muitas vezes relações de proximidade entre as pessoas dos diferentes municípios.
"Estas proximidades também acabam por ter impacto na dimensão emocional e psicológica", frisou.
Em Nodeirinho, voltou-se atrás no processo de recuperação, disse à Lusa Dina Duarte, habitante daquela localidade e membro da Associação de Vítimas do Incêndios de Pedrógão Grande (AVIPG).
"Voltámos todos atrás. Voltámos a reviver o que se passou a 17 de junho. Há uma profunda consternação e revolta. Em Castanheira de Pera, é o mesmo sentimento. Voltámos todos a chorar e a chorar imenso", sublinhou Dina Duarte.
Segundo a presidente da associação, Nádia Piazza, já houve uma reunião com a coordenadora da equipa de saúde mental face aos efeitos do incêndio de dia 15 na população afetada pelo fogo de Pedrógão Grande.
"Há um cair de etapa, um voltar atrás, não só com os familiares das vítimas, mas com a própria população", notou Nádia Piazza.
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