Nenhum professor fez prova de avalição na Escola Marquesa de Alorna
Porto Canal
Nenhum dos 120 professores inscritos para fazer hoje a prova na Escola Preparatória Marquesa de Alorna, em Lisboa, realizou o exame.
Eram 11:55 quando os professores contratados que iam fazer a prova de avaliação de conhecimentos chegaram ao átrio da escola a gritar palavras de ordem como “professores unidos jamais serão vencidos”.
Em declarações à Lusa, o professor vigilante Francisco Janeiro, que fez greve, disse que os professores contratados “que iam fazer a prova mobilizaram-se e não a fizeram”.
“Aparentemente, apenas havia um professor interessado em fazer a prova, mas os colegas” conseguiram desmotivá-lo e acabou por não fazer.
Junto dos portões da escola, um professor queixou-se que não o deixaram fazer a prova.
“Eu estive aqui presente desde as 09:00 e não me deixaram fazer a prova. Tiraram-me 20 euros e não consegui fazer a prova”, lamentou o professor.
O secretário-geral da Fenprof, que esteve desde as 09:00 de hoje na Escola Marquesa de Alorna a acompanhar os docentes, afirmou que o que se passou neste estabelecimento de ensino “mostrou bem o que é ser professor com ‘p’ maiúsculo” e que, “em defesa da profissão, os profissionais estão unidos”.
“O que se passou aqui, passou-se em inúmeras escolas do país” e nas escolas onde se realizou “fez-se de uma forma absolutamente ilegal, com um professor em vigilância ou com cento e tal professores num refeitório ou num ginásio” a realizar o exame sem condições.
“A decidir a vida das pessoas em condições destas? A prova está ferida de morte”, frisou Mário Nogueira.
Sobre o facto de o MEC ter apresentado uma resolução fundamentada antes do início da realização da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades, tendo ficado suspensos os efeitos suspensivos da providência cautelar, Mário Nogueira comentou: “Isso não interessa para nada”.
"O Ministério da Educacão e Ciência recebeu hoje uma citação do Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal e apresentou resolução fundamentada antes do inicio da realização da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades, pelo que ficaram suspensos os efeitos suspensivos associados à receção da citação, processo habitual que se verificou em relação a outras providências cautelares", refere uma informação do MEC.
“Tudo o que está nos tribunais, perante o que aconteceu hoje e face à quantidade de escolas em que a prova não se realizou, e nas condições em que se realizou em muitas escolas, com ilegalidades claras a serem cometidas, esta prova não tem futuro, não tem vida e tem de ser eliminada”, sublinhou o dirigente sindical.
Mário Nogueira reiterou que, “neste momento, a prova está ferida de morte e é uma ferida que se estende até à vida política do Sr. Ministro da Educação”.
A deputada comunista Paula Santos deslocou-se à escola Marquesa de Alorna para “manifestar a solidariedade do PCP com a luta dos professores contratados”.
“A realização desta prova é uma grande injustiça para os professores, porque é uma prova que não pretende avaliar qualquer tipo de competências, nem fazer qualquer tipo de avaliação da qualidade”, disse a deputada.
Paula Santos sublinhou que o objetivo desta prova é “excluir cada vez mais professores da educação, degradando a escola pública”.
Nesse sentido, exigiu a sua “anulação”: Esta prova “não vai trazer nenhuma melhoria, vai sim significar um maior afastamento dos professores no acesso ao exercício da sua profissão”.