Fenprof diz que há várias escolas no país sem provas devido à greve
Porto Canal / Agências
O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), afirmou hoje, em Lisboa, que há várias escolas no país onde a prova de avaliação de conhecimentos para professores contratados não foi realizada devido à greve dos docentes vigilantes.
Mário Nogueira falava aos jornalistas em frente à Escola Preparatória Marquesa de Alorna, uma das escolas onde a Fenprof tem estado a marcar presença devido à greve de docentes ao serviço relacionado com a prova de avaliação de conhecimento e competência que estava previsto que se realizasse hoje em 113 escolas.
A adesão à greve dos vigilantes "está a ser extraordinária", e já fez com que escolas em Lisboa, em Viseu, em Faro, em Setúbal, em Évora, no Barreiro, em Almada, na Guarda, em Vila Real, em Guimarães e em Braga, não realizassem a prova, indicou o líder sindical.
Mário Nogueira disse que, "com esta situação, a prova está ferida de morte" e que, "politicamente, o ministro [da Educação] vai morrer com ela".
"O ministro Nuno Crato já perdeu, no plano jurídico. Face à pressão do Tribunal [Administrativo do Funchal], e face à anulação de provas, em que o princípio da equidade foi já quebrado, o ministro da Educação só tinha de fazer uma coisa: enviar um email para todas as escolas, ou fazer um telefonema, a dizer aos diretores para mandarem embora os professores porque a prova estava anulada", sustentou.
"Era a única saída digna", considerou o secretário-geral da Fenprof.
De acordo com o dirigente sindical, há casos de escolas em Faro e em Beja, onde juntaram os professores todos em refeitórios e ginásios para fazer a prova devido à falta de vigilantes.
Em declarações à agência Lusa, Carla Catarino, professora de geografia, trabalhadora independente a recibos verdes, disse que ainda pensou em não fazer a prova, mas decidiu fazê-la porque "estava em causa não poder dar mais aulas, não poder continuar a ser professora".
"Tenho seis anos letivos de aulas mais um ano de estágio pedagógico, mas não contam como cinco anos de serviço porque não tive horários completos", lamentou, acrescentando que se não fosse o risco de não poder voltar a dar aulas não faria a prova, "porque não faz sentido nenhum".
Também em declarações à agência Lusa, Ana Drago, deputada do Bloco de Esquerda, que esteve presente na escola Marquesa de Alorna para manifestar solidariedade aos professores, afirmou que "esta prova não faz qualquer sentido".
"A greve mostra a determinação do país, do sindicato e das escolas, em acabar com uma prova que não faz qualquer sentido", sustentou.
Ana Drago disse ainda que o problema de hoje e de sempre das escolas públicas é contar com cerca de 28 mil professores contratados em situação precária e que durante anos a fio não sabem como vai ser a sua vida, mas que têm assegurado o serviço público educativo"
O Ministério da Educação revelou hoje que já recebeu uma citação do Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal e apresentou uma resolução fundamentada antes do início da realização da prova de avaliação dos professores.
Na terça-feira, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) revelou que o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Funchal tinha deferido uma providência cautelar interposta por sindicatos para impedir a realização da prova de avaliação dos professores.