PS diz que 10º exame apenas confirma trajetória de austeridade
Porto Canal / Agências
Lisboa, 16 dez (Lusa) - O dirigente socialista Eurico Brilhante Dias considerou hoje que a conclusão do 10º exame da 'troika' confirma a trajetória de austeridade para 2014, com o Governo a falar a diferentes vozes e deixar ainda mais incerteza nos portugueses.
"A conclusão deste 10º exame regular é a confirmação da trajetória da austeridade para 2014 e é também a confirmação de que o Governo fala a diferentes vozes", afirmou o membro do secretariado nacional do PS Eurico Brilhante Dias, numa declaração aos jornalistas na sede do partido.
Falando poucos minutos após o fim da conferência de imprensa do vice-primeiro ministro, Paulo Portas, e da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sobre a conclusão do 10º exame regular da 'troika', Eurico Brilhante Dias concluiu que o resultado desta avaliação é o "habitual": "A avaliação é positiva e a austeridade continua".
"O 10º exame regular termina como terminou o 9º. Em 2014, os portugueses vão sofrer cortes nas pensões, cortes nos salários e cortes no Estado social", sublinhou.
A propósito da acusação de que o Governo fala a "diferentes vozes", o dirigente nacional do PS recordou que enquanto Paulo Portas fez várias referências ao facto do programa de assistência financeira terminar dentro de cinco meses, a ministra das Finanças apenas "deixou incerteza".
"A pergunta que se põe é se Portugal terá ou não outro programa com outra condicionalidade. Quanto a isso o Governo hoje pela voz da ministra das Finanças apenas deixou incerteza", frisou, lembrando que em setembro o primeiro-ministro fez referência à possibilidade de um segundo resgate, depois o ministro da Economia falou sobre a negociação de um programa cautelar em 2014 e o ministro dos Negócios Estrangeiros referiu-se ao "número mágico" de 4,5 por cento como o limite das taxas de juro para que Portugal regresse em pleno aos mercados.
Hoje, continuou, a ministra das Finanças "não exclui nenhuma das alternativas".
"Deste 10º exame regular fica a certeza: é que o Governo fala a diferentes vozes e aquilo que deixou hoje aos portugueses foi apenas incerteza e mais incerteza quanto ao futuro", resumiu.
Eurico Brilhante Dias deixou ainda uma crítica direta ao vice-primeiro-ministro, considerando "incrível" que Paulo Portas não tenha dirigido uma palavra "àqueles que mais sofrem, os desempregados".
Insistindo na ideia que o que se encontra na 10º avaliação da 'troika' "é muito pouco valor acrescentado em relação à 9º avaliação", com o Governo a não rever nenhuma das metas para 2014, o dirigente socialista reiterou que o seu partido defende que Portugal deve sair do programa de assistência financeira como a Irlanda, com um regresso em pleno aos mercados, e assegurou que "não será o PS a contribuir para outro cenário".
"Se e só se outro cenário se vier a verificar tomaremos a nossa posição", acrescentou, insistindo que o PS assumirá as suas responsabilidades, mas não assina "cheques em branco".
Eurico Brilhante Dias fez ainda referência às recentes declarações da diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, que admitiu numa declaração no Parlamento Europeu na semana passada que a instituição errou quanto aos efeitos da austeridade nos países europeus em maiores dificuldades.
"Aquilo que se espera de agentes políticos responsáveis é que tornem em ações concretas as suas palavras", preconizou, lamentando que neste caso as palavras da diretora-geral do FMI "não se traduzem em nada que alivie os sacrifícios dos portugueses".
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