A "alegria" de Gustavito no Festival Músicas do Mundo também tem crítica social

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Porto Canal com Lusa

Sines, Setúbal, 22 jul (Lusa) - O cantautor Gustavito traz hoje ao Festival Músicas do Mundo uma fusão de ritmos brasileiros que tentam passar "alegria" ao público, mas sem deixar de parte assuntos sérios da atualidade do Brasil, abordando questões ambientais e políticas.

"O meu concerto traz uma característica muito forte de alegria, de entusiasmo, de uma energia bem solar, porque eu acho que de tristeza já basta a vida, já basta todas as dificuldades que as pessoas têm de enfrentar contra esse sistema capitalista", disse em declarações à agência Lusa Gustavo Amaral, conhecido artisticamente como Gustavito.

Apesar de querer transmitir alegria com o projeto que vai apresentar em Porto Covo, no Festival Músicas do Mundo (FMM) de Sines, Gustavito & a Bicicleta, há espaço no alinhamento do concerto para a crítica social.

A queda de uma barragem administrada pela Samarco na cidade de Mariana, em novembro de 2015, que deixou 19 mortos e poluiu centenas de quilómetros de um importante rio brasileiro e que foi considerada pelas autoridades locais o maior desastre ambiental do país, é um dos assuntos que inspiraram um tema que vai ser ouvido no palco alentejano.

"A temática social está presente", confirmou, revelando que, "no concerto de hoje, vai haver, por exemplo, uma canção que foi escrita por causa do crime ambiental que aconteceu na cidade de Mariana, há dois anos, no Brasil, que foi o maior crime ambiental da história".

Entre os ritmos brasileiros tradicionais, como o afro-brasileiro ljexá, o maracatu, o baião e o samba que transporta para a modernidade nas músicas que compõe, vai também ouvir-se falar do movimento 'gay', com o tema "Parada Multicor", que faz parte do disco Quilombo Oriental, de 2015, mas pela primeira vez apresentado em Portugal no palco de Porto Covo.

"Sou um artista que procura trazer uma autenticidade, então, em tudo o que eu faço, em todos os ambientes em que eu estou participando, eu sempre trago as minhas posturas políticas bem firmadas, elas estão sempre lá", disse, sem esconder a oposição ao presidente do Brasil, Michel Temer.

"Sou totalmente contra o Temer, o que aconteceu no Brasil foi um golpe", acredita o músico que considera que o país está a perder em áreas em que tinha crescido nos anos anteriores.

Apontando a "educação", a "cultura" e a "reforma agrária" como setores em que o país tinha crescido "imensamente", nos anos em que o Brasil foi liderado pelo Partido dos Trabalhadores, Gustavito critica agora as opções do atual Governo, que considera estar a "eliminar completamente os direitos dos trabalhadores" e dos "aposentados".

Longe do Brasil e acabado de chegar hoje a Porto Covo, Gustavito está a preparar-se para contagiar o público do FMM, com o ritmo alegre e energético do espetáculo que o junta em palco com o grupo A Bicicleta, para cantar músicas que têm origem ou influência do "bloco de Carnaval" Pena de Pavão Krishna de que o cantautor faz parte, em Belo Horizonte.

Ainda antes do projeto brasileiro, atuam os moçambicanos Costa Neto & João Afonso, que cantam a solo, mas que, durante os espetáculos, vão também "encontrar-se" em palco.

Waldemar Bastos (Angola), às 22:30, e Mabang (China), às 23:45, são os projetos que compõem o restante cartaz do segundo dia do FMM.

Até domingo, o palco está montado na Praça Marquês de Pombal, em Porto Covo, mas a partir de segunda-feira, o festival muda-se para Sines com mais 44 concertos, uns gratuitos, outros pagos, distribuídos pelo Pátio das Artes, Largo Poeta Bocage, Centro de Artes de Sines, Avenida Vasco da Gama e Castelo.

AYN (CYR) // MAG

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