Luís Miguel Cintra em Setúbal com a segunda estação de "Um D. João Português"

| País
Porto Canal com Lusa

Setúbal, 15 jul (Lusa) -- A peça "Um D. João Português", a forma que Luís Miguel Cintra encontrou para continuar a fazer teatro após o fecho da Cornucópia, é representada hoje, em Setúbal, no que o encenador designa por "segunda estação" do projeto.

"Um D. João português -- O mar (e de rosas)", segunda etapa/estação desta via do encenador, será representada num contentor à beira Sado, no cais 3, do porto de Setúbal, a partir das 21:30, repetindo no domingo, à mesma hora.

A segunda estação da peça ocorre dois meses após a apresentação, no Montijo, da primeira parte do projeto, "Um D. João Português -- Na estrada da vida".

"De certa maneira é boa esta sensação de recomeço. Por outro lado, pede força de vontade ter de aceitar o dado de que as condições de trabalho mudaram para uma situação de mercado que não foi aquela em que ganhámos experiência (e muito menos quisemos)", escreve o encenador, numa alusão ao fim abrupto da Cornucópia, em dezembro de 2016, o seu "sonho" de mais de 40 anos, numa nota introdutória sobre a nova encenação.

Apesar dos anos que leva de prática teatral, Luís Miguel Cintra mantém, tal como a equipa que o acompanha, nesta produção semelhante a uma Via Sacra, com as suas "estações", "o gosto em inventar maneiras próprias de continuar a fazer sentido", num trabalho que só lhes interessa se não desistirem "da sua natureza de invenção artística", acrescenta na mesma nota.

A ação central de "Um D. João português" - construído como um julgamento moral ainda que se preste à análise dos mais variados temas, nas palavras de Luís Miguel Cintra - centra-se no protagonista, D. João Tonorio (Dinis Gomes), e no seu criado Esganarelo (Duarte Guimarães), que vão atravessando diferentes locais, fugindo da má fama do libertino.

Na versão trabalhada pelo cofundador da Cornucópia, D. João e Esganarelo surgem como marginais da sociedade, sempre em fuga, quase como num 'road movie'.

Em Setúbal, a ação da peça -- representada perto de um local onde, na década de 1970, Luís Miguel Cintra se recorda de ter atuado -- terá um cariz mais popular, sem deixar, de se pautar pelos amores inconvenientes de D. João Tonorio, disse à Lusa Levi Martins, responsável de uma das companhias produtoras da peça.

Sem uma saída de D. João de cena, o nobre é avisado de que está a ser seguido, abrindo-se assim caminho para a próxima "estação" do projeto, que acontecerá a 14 e 15 de setembro, no Teatro Viriato, em Viseu, acrescentou.

A quarta e última estação de "Um D. João português" está prevista para dezembro, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, em data a definir, disse.

A estreia dos quatro blocos que compõem o projeto está prevista para janeiro de 2018, na "cidade-berço", Guimarães, seguindo-se depois Viseu, Setúbal e Montijo, referiu.

Guilherme Gomes, Rita Cabaço, Sofia Marques e André Pardal são alguns dos atores que interpretam esta "estação" da peça, de um total de 16 atores ligados ao Teatro do Bairro Alto e ao projeto.

"Um D. João Português" é elaborado a partir da versão portuguesa para teatro de cordel setecentista de "D. João", obra-prima de Molière, e está a ser construído em cada cidade de forma partilhada com grupos e espetadores locais. Inclui ainda sessões de leitura dos textos.

"Tudo neste espetáculo a que chamei 'Um D. João Português' é imperfeito, ou melhor, inacabado, bastardo, hesitante, incerto", escreve Luís Miguel Cintra, na reflexão sobre a obra.

CP // MAG

Lusa/fim

+ notícias: País

Sindicato dos Profissionais de Polícia repudia comunicado do MAI sobre remunerações

O Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP/PSP) reiterou que não aceitará qualquer tentativa de induzir os cidadãos em erro, nem de discriminação dos polícias, numa reação ao comunicado emitido no sábado pelo Ministério da Administração Interna (MAI).

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".

Proteção Civil desconhece outras vítimas fora da lista das 64 de acordo com os critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) disse hoje desconhecer a existência de qualquer vítima, além das 64 confirmadas pelas autoridades, que encaixe nos critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro.