Sírios que pediram asilo em Portugal ficaram hospedados durante 18 horas em dois hotéis de Bissau
Porto Canal / Agências
Bissau, 11 dez (Lusa) - Os 74 refugiados sírios que na terça-feira chegaram a Portugal com passaportes falsificados da Turquia ficaram 18 horas em hotéis da capital da Guiné-Bissau, onde se registaram com passaportes sírios, disseram à Lusa fontes dos dois estabelecimentos.
Um grupo ficou num hotel na zona do aeroporto (a sete quilómetros de Bissau) e um outro instalou-se numa unidade hoteleira no centro da capital guineense.
Oriundos de Marrocos, os grupos deram entrada nos dois hotéis entre as 02:00 e 02:25 da madrugada de segunda-feira, tendo saído pelas 20:00 do mesmo dia para o aeroporto internacional de Bissau, onde embarcaram num voo da TAP com destino a Lisboa.
As fontes contactadas pela agência Lusa no hotel próximo do aeroporto não quiseram adiantar mais detalhes sobre o grupo ali hospedado, tendo afirmando apenas que "não notaram nada de anormal" com os clientes que se apresentaram como "turistas".
Foi também como "turistas" que se registaram 35 indivíduos hospedados no hotel do centro de Bissau, embora tenham sido levados por "um senhor guineense" que acabaria por pagar a conta da hospedagem.
As fontes contactadas pela Lusa indicaram que naquela unidade, todos os adultos e crianças ficaram instalados em 11 quartos, de onde só saíam os menores para alguma brincadeira num salão comum.
Alguns tiveram que dormir em colchões estendidos no chão, contou à Lusa um funcionário.
"Praticamente não saíram dos quartos. Presumo que até rezavam lá dentro", disse um outro funcionário, adiantando que os hóspedes não pediram comida do hotel, porque, supostamente, teriam trazido a própria comida, de onde vieram.
Uma funcionária da unidade localizada perto do aeroporto de Bissau contou à Lusa que uma mulher grávida fazia parte da caravana e teria sido assistida "numa clínica" da capital guineense "por ter passado mal".
Tanto num como noutro hotel os funcionários garantem que os indivíduos apresentaram passaportes sírios com os quais foram registados.
Um total de 74 passageiros sírios proveniente de um voo da Guiné-Bissau foi, na terça-feira, retido no aeroporto de Lisboa por uso de passaportes falsificados da Turquia.
Segundo o Instituto da Segurança Social o grupo de refugiados é constituído por 51 adultos e 23 menores.
O ISS garante ainda que está a acompanhar a situação dos 74 sírios "desde a primeira hora, tendo assegurado o acolhimento de todas as pessoas em equipamentos adequados para o efeito".
A presidente do Conselho Português de Refugiados (CPR), Teresa Tito Morais, afirmou à agência Lusa que os refugiados já pediram asilo político a Portugal, adiantando que vão ficar no país até ao fim do processo de estatuto de refugiados.
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, e o Ministério dos Negócios Estrangeiros remeteram esclarecimentos sobre o assunto para o Ministério da Administração Interna.
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