O palco é "Campo minado" com veteranos da Guerra das Malvinas de novo frente a frente

| País
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 26 mai (Lusa) - A peça "Campo minado", da argentina Lola Arias, reúne em palco veteranos das duas frentes da Guerra das Malvinas, para explorar o que permanece presente, 35 anos depois do conflito, e será apresentada em Lisboa e Porto, em junho.

O palco da Culturgest, que acolhe "Campo Minado", em Lisboa, transforma-se num 'plateau' de cinema que, por sua vez, se converte em máquina do tempo e acolhe os ex-combatentes, numa viagem para o passado, permitindo-lhes a reconstrução das suas memórias de guerra e da vida, após o conflito.

Lou Armour, um fuzileiro britânico foi capa de vários jornais, quando os argentinos o fizeram prisioneiro, a 02 de abril de 1982, é agora professor de crianças com dificuldades de aprendizagem. E o argentino Rubén Otero, que sobreviveu ao afundamento do navio General Belgrano, tem agora uma banda de 'covers' dos Beatles.

Estes são dois dos seis veteranos que se cruzam em palco e que vão refletir sobre as suas histórias, a "herança" do passado, o seu impacto e as suas experiências, no âmbito do projeto de teatro documental da escritora, atriz, 'performer' e encenadora argentina Lola Árias.

A eles juntam-se David Jackson e Gabriel Sagastume, Sukrim Rai e Marcelo Vallejo. Estiveram todos na guerra das Malvinas, são veteranos e sobreviventes do conflito.

Jackson passou a guerra a ouvir e transcrever códigos de rádio, e agora escuta outros veteranos no seu consultório de psicologia. Sagastume, um soldado que nunca quis disparar qualquer arma, é agora advogado de direito penal.

Sukrim Rai foi um 'ghurka' que soube usar a faca e trabalha agora como segurança. Marcelo Vallejo, por seu lado, foi apontador de morteiro e agora é agora campeão de triatlo.

"O que é um veterano? Um sobrevivente? Um herói? Um louco?" são as perguntas que a encenadora argentina Lola Arias coloca em cena, num espetáculo que confronta visões distintas da guerra e que reúne velhos inimigos para contarem a mesma história.

O dramaturgo argentino Rafael Spregelburd considerou "Campo Minado" uma cura, "uma letal quimioterapia".

"Se somos testemunhas do fulgor destes seis homens quebrados é possível que também nas nossas almas ocorra uma modificação", escreveu Rafael Spregelburd sobre a peça de Lola Árias.

"Claro que Lola não procura fazer terapia, nem saberia como. Refina, no entanto, a sua técnica e o seu estilo: a deslocação do melodrama para puro som; as frases curtas e cortantes, como títulos de capítulos que só se montam na cabeça do espectador. Mas a peça é curativa. Uma letal quimioterapia", lê-se na apresentação da obra, na página da Culturgest, na internet.

"Campo minado" é o regresso do teatro documental de Lola Arias à Culturgest, depois da autobiografia de "Melancolía y Manifestaciones", em 2013, em que cruza a sua história, a da sua família, com a imposição da ditadura militar na Argentina, em 1976, e do texto que levou ao festival Panos, "Os Suicidas", a partir de um caso real, que envolveu adolescentes, no norte da Argentina.

"Campo Minado" é representado em inglês e espanhol, com legendas em ambas as línguas (e em português), e pode ser visto no sábado, 03 de junho, às 21:30, e no domingo, às 17:00.

As interpretações são de Lou Armour, David Jackson, Gabriel Sagastume, Rubén Otero, Sukrim Rai e Marcelo Vallejo, com figurnos de Andrea Piffer, sobre texto e encenação de Lola Arias.

O trabalho de pesquisa e produção é de Sofia Medici e Luz Algranti, a cenografia, de Mariana Tirantte, a música de Ulises Conti, a luz e direção técnica de David Seldes e o vídeo de Martin Borini.

Depois da Culturgest, a peça será apresentada no Teatro Carlos Alberto, no Porto, a 08 e 09 de junho, integrada na progamação do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI).

CP // MAG

Lusa/Fim

+ notícias: País

Montenegro quer português como língua oficial da ONU até 2030

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, quer que os países parceiros na CPLP alinhem posições para que o português seja reconhecido como língua oficial das Nações Unidas até 2030, considerando que "seria um justo reconhecimento".

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".

Proteção Civil desconhece outras vítimas fora da lista das 64 de acordo com os critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) disse hoje desconhecer a existência de qualquer vítima, além das 64 confirmadas pelas autoridades, que encaixe nos critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro.