Maria Luís Albuquerque considera recapitalização da Caixa um "manifesto exagero"

| Política
Porto Canal com Lusa

Vila Franca de Xira, Lisboa, 30 mar ( Lusa) - A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque instou esta noite o Governo a esclarecer os contornos do negócio de venda do Novo Banco e considerou o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) "um manifesto exagero".

"A Caixa Geral de Depósitos não precisava de um aumento de capital desta ordem. A recapitalização da Caixa é um manifesto exagero e mostra a forma leviana como o Governo trata o dinheiro dos contribuintes", afirmou a vice presidente do PSD.

A respeito da recapitalização da CGD, Maria Luís Albuquerque, que participou esta noite em Vila Franca de Xira num debate organizado pelo PSD local sobre o "Estado e a Finança" acusou também o Bloco de Esquerda e o PCP de apoiarem o Governo "num boicote à informação sobre este processo".

As críticas de Maria Luís Albuquerque surgem na sequência do anúncio esta quinta-feira do ministério das Finanças de que o Governo tinha injetado na CGD 2.500 milhões de euros, concluindo assim a segunda fase do processo de recapitalização do banco público.

A CGD está em processo de recapitalização, num montante de cerca de 5.000 milhões de euros, aprovado entre o Governo português e a Comissão Europeia, depois de ter apresentado um prejuízo histórico de 1.859 milhões de euros em 2016.

Durante o debate, que durou quase três horas, a antiga ministra comentou também o processo de venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, considerando que o Governo "tem obrigação de explicar aos portugueses quais as responsabilidades que terão de assumir com a concretização deste negócio".

O processo de venda do Novo Banco está na fase final e a assinatura será feita esta semana, segundo confirmou na quarta-feira o ministro das Finanças, Mário Centeno, em Londres.

Na sua intervenção Maria Luis Albuquerque também recordou as dificuldades que o anterior Governo, liderado por Pedro Passos Coelho, teve para "endireitar as finanças públicas" e "limpar a imagem perante os credores" e acusou o atual de "não ter vergonha na cara" ao afirmar, agora, que herdou do anterior uma "herança pesadíssima no sistema financeiro.

"É preciso não ter vergonha na cara para se queixarem que tiveram uma pesada herança. Praticamente o mesmo elenco governativo que deixou o País na banca rota e que deixou os bancos numa fragilidade extrema", apontou.

FYS (SMA/SP/JF/BM)

Lusa/fim

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