Grupo armado põe fim a protesto contra ocupação de padaria de portugueses na Venezuela

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Porto Canal com Lusa

Caracas, 22 mar (Lusa) - Mais de uma dezena de pessoas armadas obrigaram dezenas de manifestantes a terminar um protesto contra a ocupação de uma padaria de portugueses no centro de Caracas.

Fontes da comunidade portuguesa local explicaram à Agência Lusa que ao começo da noite de terça-feira decidiram concentrar-se junto da padaria, para, ao som do toque de tachos, protestar pela ocupação da padaria Mansión's Bakery.

Ao ver o que acontecia, várias pessoas improvisaram cartazes contra a ocupação da padaria e juntaram-se ao protesto, que foi dispersado pelos 'coletivos' (grupos armados afetos ao regime).

"Estávamos a protestar pacificamente, quando apareceram estas pessoas, gritando que as ruas são do povo e não da oligarquia, e atemorizando os manifestantes. Por motivos de segurança corremos e, pelo que me dizem, alguns 'coletivos' tentaram entrar nalguns edifícios", explicou uma das fontes.

Diversas fontes dão conta de que pelo menos duas padarias de portugueses foram ocupadas nos últimos dias pelas autoridades, entre elas a Mansión's Bakery.

Esse estabelecimento foi alvo, no dia 15 de março, de uma fiscalização das autoridades, que encerraram o estabelecimento e o entregaram a grupos de cidadãos dos Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), que entretanto mudaram o nome da padaria para "Minka".

Um papel colado na porta dá conta que a padaria é controlada por membros dos Comités Locais de Abastecimento e Produção, produzindo pão que é tirado por uma porta secundária e introduzido numa viatura.

A Superintendência de Preços Justos acusou os proprietários de não cumprirem a nova normativa que obriga as padarias a ter, permanentemente, desde a abertura até ao encerramento, pão disponível para os clientes.

As autoridades acusaram ainda os proprietários de vender o pão a preços mais altos que os permitidos e de manter o estabelecimento em condições de insalubridade.

Proprietários e trabalhadores foram impedidos de guardar o dinheiro que se encontrava na caixa registadora.

No passado domingo o Presidente Nicolás Maduro instou as autoridades a atuarem com severidade contra setores que pretendem obstruir o acesso da população a bens de consumo diário, como o pão.

"Aos especuladores que escondem o pão do povo venezuelano, deve cair-lhes todo o peso da lei. É um plano da direita fascista para fazer com que as pessoas se irritem. Vamos com toda a força", disse.

O vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, anunciou uma nova norma legal que as 709 padarias de Caracas devem respeitar e que estabelece que o pão deve estar à venda desde a abertura até ao encerramento dos estabelecimentos.

"Ao finalizar cada dia deverá ficar pão preparado para o dia seguinte. A venda não poderá ser condicionada e muito menos criados mecanismos ilícitos como a cobrança de comissões pelo uso de terminais de pagamento", disse à televisão estatal.

Segundo Tareck El Aissami, a padaria que desrespeite o novo regulamento "será ocupada temporariamente pelo Governo e transferida para os Comités Locais de Abastecimento e Proteção, para fazê-la produzir".

Os comerciantes queixam-se de falta de farinha, da paralisação dos moinhos e do controlo administrativo dos preços.

Além dos supermercados, a panificação é uma das áreas com forte presença de portugueses na Venezuela.

Na Venezuela vigora, desde 2003, um férreo sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção local de moeda estrangeira e obriga as empresas a pedirem ao executivo autorizações para aceder a dólares e importar, um processo que o empresários dizem ser cada vez mais demorado e limitado.

FPG//ISG

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