Mário Soares: Eanes presta homenagem a "coautor relevante" de acontecimentos políticos
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 09 jan (Lusa) - O antigo Presidente da República Ramalho Eanes prestou hoje homenagem a Mário Soares, um "coautor relevante" de diferentes acontecimentos políticos de Portugal, recordando que nas questões de interesse comum estiveram juntos ou muito próximos.
"A minha presença aqui é uma presença de homenagem. Homenagem a um homem que na luta política se empenhou e que é um coautor relevante dos mais vastos acontecimentos políticos do Portugal contemporâneo", disse aos jornalistas o antigo chefe de Estado, que acompanhado da mulher, Manuela Eanes, esteve hoje à tarde no Mosteiro dos Jerónimos para participar nas cerimónias fúnebres de Mário Soares.
Apesar de não procurar "apagar os confrontos" que teve com o histórico socialista, Ramalho Eanes considera que este não é o "momento para o referir e nem isso importa agora porque nas grandes questões que tinham a ver com o interesse comum" estiveram "se não juntos, pelo menos muito próximos".
Entre os momentos marcados pela ação de Mário Soares, o antigo chefe de Estado referiu "a transição, a institucionalização e a consolidação da democracia, uma democracia aberta, moderna, pluralista".
"Poderia e deveria referir também a entrada na então Comunidade Económica Europeia. Foi um momento alto, em que optamos por uma via de futuro que trouxe ao país parte da modernidade que o país ostenta e usufrui", recordou.
Ramalho Eanes considerou ainda que Mário Soares "foi um coautor relevante no estabelecimento do Estado Providência, que deu aos portugueses não há igualdade - porque a igualdade infelizmente não existe - mas a igualdade que tornam todos os homens dignos e que lhes garante segurança".
Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.
O corpo do antigo Presidente da República está em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos desde as 13:10 de hoje, depois de ter sido saudado por milhares de pessoas à passagem do cortejo fúnebre pelas principais ruas da capital com escolta a cavalo da GNR.
O funeral realiza-se na terça-feira, pelas 15:30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.
Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
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