João Oliveira "acorda" comunistas para "a luta" 27 vezes
Porto Canal com Lusa
Almada, Setúbal, 03 dez (Lusa) - O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, recorreu hoje 27 vezes aos substantivo e verbo "luta" e "lutar", numa das intervenções da manhã do segundo dia de reunião magna comunista, em Almada, "acordando" plateia e bancadas do XX Congresso.
O deputado comunista, num discurso de escassos nove minutos e meio, também "arrancou" uma vaia ao antecessor de Marcelo Rebelo de Sousa, Cavaco Silva, na Presidência da República, ao acusá-lo de ter prolongado artificialmente a vida ao Governo PSD/CDS-PP, depois derrotado pela "conjugação entre a luta de massas e a ação institucional" do PCP.
"Durante anos, ouvimos os 'papagaios' do capital anunciarem a morte do nosso partido ou remeterem-no para segundo plano, dizendo que era um partido do contra, que não contava para nada. Repetiram as ideias falsas das eleições para primeiro-ministro, discursos de inevitabilidades... Muitos desses, só há um ano, descobriram que, afinal, as eleições servem para eleger deputados e que todos os deputados do PCP, da CDU, servem para defender os interesses dos trabalhadores e do povo", disse.
Em apoteose, o presidente do grupo parlamentar do PCP prometeu: "continuaremos a lutar pela construção de uma sociedade socialista" e citou o histórico secretário-geral Álvaro Cunhal, classificando como "justa, empolgante e invencível a causa" pela qual o partido luta.
"Viva a luta dos trabalhadores!", Viva a Juventude Comunista Portuguesa! Viva o Partido Comunista Português!", gritou, empolgando os cerca de 3.000 delegados e militantes presentes no Complexo Municipal dos Desportos "Cidade de Almada".
Segundo João Oliveira, "foi a luta que conduziu ao isolamento político e social do Governo PSD/CDS, sua derrota eleitoral e condenação da sua política, determinando a alteração da correlação de forças na Assembleia da República".
"Ao longo de seis anos, os trabalhadores e o povo desenvolveram uma intensa luta contra a política dos PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento) e do 'pacto de agressão' subscrita por PS, PSD e CDS e executada pelo Governo PSD/CDS. Foi esta luta de resistência, em condições muito difíceis e contrariando apelos à resignação e conformismo, que conduziu à derrota do Governo PSD/CDS-PP", defendeu.
O deputado comunista assegurou que "dar o golpe final no Governo PSD/CDS significou dar expressão institucional à luta e concretizar um dos seus objetivos primeiros" e que tudo foi feito "em coerência com o percurso de intervenção do PCP, respeitando o compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo".
"Apesar de derrotados, tendo mesmo perdido a maioria absoluta, PSD e CDS preparavam-se para se manter no Governo, suportados por pressões nacionais e internacionais grande capital e apadrinhados pelo então Presidente da República, Cavaco Silva, que ainda procedeu à sua nomeação... para um Governo de 10 dias", descreveu.
João Oliveira recordou que, "perante declarações de derrota e desistência, desorientações e hesitações do PS, o PCP apontou outro caminho, de dar outra expressão política e institucional à derrota de PSD/CDS, afastando-os do poder e corresponder à expressão de vontade de mudança manifestada pelos portugueses".
"Não partilhamos a ideia de quanto pior, melhor, porque, quando estão piores trabalhadores, não está melhor a sua luta. Sabemos que os lutadores também precisam de ver resultados da luta que travam. Não significa que nos podemos dar por satisfeitos com a situação atual", defendeu.
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