Organizações exigem mais proteção e punições exemplares contra morte do lobo ibérico
Porto Canal / Agências
Lisboa, 08 nov (Lusa) - Organizações de defesa da natureza exigiram hoje mais proteção e fiscalização, assim como "punições exemplares", contra a perseguição e morte do lobo ibérico, depois do mais recente caso de abate, no Parque Nacional da Peneda-Gerês.
"Perante a situação de ameaça da espécie, as organizações exigem mais protecção, mais fiscalização e punições exemplares", refere um comunicado assinado por 10 entidades, entre as quais Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Quercus, Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS) ou Grupo Lobo -- Associação para a Conservação do Lobo e do seu Ecossistema.
A mortandade entre esta espécie "é insustentável e levará, se não for travada, ao rápido desaparecimento dos 300 exemplares que ainda sobrevivem em Portugal", alertam.
O último caso conhecido foi o do abate da loba "Bragadinha", dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês, e "reflecte a impunidade com que se está a matar ilegalmente o lobo-ibérico em Portugal", realçam as organizações que lançam um apelo público para acabar com os crimes contra esta espécie ameaçada e protegida na legislação nacional e internacional.
A fêmea adulta "Bragadinha", que teve a sua primeira ninhada em maio, foi encontrada morta a 30 de outubro e os resultados da necrópsia revelam ter sido abatida a tiro de caçadeira e atacada por uma matilha de cães, situação "ocorrida dentro da Zona de Caça Associativa da Gavieira, Arcos de Valdevez".
Segundo as associações ambientais, este é o 5.º abate ilegal de lobo ibérico entre os 15 lobos seguidos por telemetria no Alto Minho.
Dados do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, obtidos por telemetria no noroeste de Portugal e citados pelas organizações, revelam que anualmente 45% dos lobos da zona são mortos por ação humana e de forma ilegal.
É defendida a necessidade de sensibilizar e dialogar com as organizações do setor da caça no sentido do esforço de conservação do lobo, "erradicando os atos criminosos e encontrando formas de mitigação das motivações que estão na sua base".
As organizações exigem às autoridades competentes, como o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR e o Ministério Público, "uma ação urgente e contundente" contra os casos de morte de lobos.
Entre os procedimentos que devem ser reforçados estão a minimização dos ataques dos lobos a animais domésticos, através da eficaz vigilância do gado e da indemnização ao abrigo da Lei de Proteção do Lobo-Ibérico, ou a aposta nos meios de fiscalização, já que existem "apenas 15 vigilantes da natureza no Parque Nacional da Peneda-Gerês, menos de metade do que seria necessário, e sem as armas necessárias".
"Os processos crime têm de ser julgados exemplarmente [pois] a aplicação de sentenças ligeiras nestes casos é um autêntico incentivo à prossecução da ilegalidade e do crime impune, consumando-se um extermínio que aproxima cada vez mais o lobo ibérico da extinção", salientam as organizações.
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