Erro médico nas mortes dos militares dos Comandos
Porto Canal (SYA)
O médico dos Comandos, o capitão Miguel Onofre Domingues, terá declarado os doentes como não urgentes e saído da base deixando mais de 20 vítimas ao cargo de dois enfermeiros e dois socorristas, avança o Correio da Manhã.
Após quatro militares desfalecerem nos primeiros treinos da manhã, foram colocados à parte, não almoçaram e foram apenas hidratados, regressando ao campo de tiro a 4 de setembro. Nesse campo de tiro, tombaram novamente e foi chamado o médico dos Comandos. Onofre terá ordenado que os militares rastejassem até à ambulância. Estes foram quatro dos 25 militares que foram parar à enfermaria mas, felizmente, sobreviveram. Já Hugo Abreu e Dylan Silva não tiveram a mesma sorte.
O Correio da Manhã adianta que a investigação levada a cabo pela Judiciária Militar e o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) já chegou a conclusões sobre o caso.
Miguel Onofre Domingues terá declarado os doentes como não urgentes e saiu da base por volta as 19 horas, deixando mais de 20 vítimas com apenas dois enfermeiros e dois socorridas, não tendo chamado o outro médico escalado para o 127 curso de Comandos.
Os enfermeiros chamaram o INEM às 20h47 após Hugo Abreu, que se sentia mal desde as 15h45 entrar em paragem cardio-respiratória, sendo que o INEM o encontrou, perto das 21 horas, já sem vida. Encontrou ainda Dylan Silva em estado crítico, em pré-coma com falência de orgãos devido à desidratação extrema e sem assistência médica. Dylan foi levado para o hospital do Barreiro e depois para o Curry Cabral onde acabou por falecer no dia 11 de setembro.
O médico justificou a sua ausência dizendo que tinha ido preparar o hospital das Forças Armadas para receber as vítimas.
Em resposta a algumas suspeitas, os relatórios das autópsias dos dois militares negam a existência de vestígios de substâncias dopastes que pudessem ter acelerado o processo de desidratação extrema que sofreram.
O Correio da Manhã adianta ainda que esta investigação, coordenada pela procuradora Cândida Vilar, em poucos meses já ouviu dezenas de intervenientes e testemunhas.
Consta também que os dois enfermeiros que ficaram encarregues dos militares terão sido constituídos arguidos no caso.