Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto "é absolutamente essencial" - Ordem Arquitetos
Porto Canal / Agências
Porto, 24 out (Lusa) -- O presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos defendeu hoje que a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) do Porto "é absolutamente fundamental", mas que as suas metodologias de projeto e programação "deveriam ser ajustadas".
"Discordamos das metodologias adotadas anteriormente para as reabilitações em bloco na cidade, porque o Porto nunca foi construído em bloco, mas parcela a parcela", afirmou José Fernando Gonçalves à Lusa, no âmbito do seminário internacional "A cidade resgatada: reabilitar a cidade (re)desenhando-a", a decorrer hoje na Casa das Artes.
Para o responsável, a reabilitação urbana deve ser feita caso a caso, a uma "escala com essa natureza do lote e da parcela urbana", por ser uma solução que é também "mais compatível com a manutenção das pessoas que vivem no espaço urbano".
"Os exemplos conhecidos [de reabilitação urbana promovida pela SRU do Porto] não são muito auspiciosos", disse, justificando que "a estrutura fundiária é genericamente incompatível com a reabilitação urbana de um quarteirão".
Tendo em conta que "os investimentos de larga escala estão completamente postos em causa" no atual contexto socioeconómico nacional, "a estratégia [da SRU] tem que ser outra", sustentou José Fernando.
O presidente da Ordem dos Arquitetos/Norte defendeu ainda a alteração da legislação que rege a edificação, porque há "descoordenação de um conjunto de leis, algumas são mesmo contraditórias ou incompatíveis".
No seu discurso na sessão de abertura do evento, José Fernando disse que "o Governo não pode apenas assumir-se como espetador ou simples regulador, antes deve ser um agente de mudança", considerando que deve avançar uma "política pública de arquitetura, não só para o pleno reconhecimento da arquitetura como um direito de todos, como também como um recurso estratégico do país, para assegurar maior qualidade de vida às comunidades e aos cidadãos".
A Ordem entende que "a conservação e a reabilitação urbanas do património arquitetónico português devem constituir-se como uma prioridade política e estratégica em Portugal".
"Não tanto por conveniência de resposta à crise que atravessamos, mas porque constitui uma evidente oportunidade para destacar um aspeto da produção cultural portuguesa que muito tem contribuído para a identidade e competitividade geoestratégica do país", acrescentou José Fernando.
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