Catarina Lopes compilou em livro principais momentos históricos da Guiné-Bissau
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 05 jul (Lusa) -- A história da Guiné-Bissau tem sido feita por políticos, sem a participação dos cidadãos, o que levou Catarina Lopes, coordenadora na Fundação Fé e Cooperação, a compilar em livro os marcos mais significativos do país.
"Não havia nada sobre a história do país, de forma sintética e compilado num só livro", justificou à Lusa a coordenadora do Departamento de Cooperação da FEC, fundação criada pela Conferência Episcopal Portuguesa que tem projetos em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
Mesmo os guineenses alfabetizados -- que representam apenas cerca de 30 por cento da população -- "não conseguem ter uma leitura da própria história, porque ela não está registada, permitindo que cada um a faça e refaça como entender", observa Catarina Lopes.
Essa ausência de "referenciais e marcos de identidade" favorece o esquecimento e a repetição, "perdendo-se rapidamente o fio condutor", analisa, exemplificando com os "estrangulamentos" provocados pela instabilidade política constante na Guiné-Bissau.
"São os políticos a fazer a história do país, quando deviam ser os cidadãos", realça a coordenadora de Cooperação, que acredita que "o futuro está na educação e nas novas gerações".
Catarina Lopes teve "a sorte de trabalhar com missionários muito envolvidos com as pessoas e as comunidades" na Guiné-Bissau, onde pôs o pé pela primeira vez em 2000, numa experiência de voluntariado de um mês que a marcou "muito".
Voltaria já integrada nas equipas da FEC, dividindo a vida entre Portugal e Guiné-Bissau durante vários anos, em que percorreu todo o país e visitou as tabancas. Atualmente, regressa ao país africano lusófono uma vez por ano, em "missões mais curtas e intensas".
O livro "Recortes da História da Guiné-Bissau" -- que será apresentado na Fnac do Colombo, na quinta-feira, às 18h30 -- faz a cronologia dos momentos políticos, económicos, sociais, militares, culturais e religiosos na Guiné-Bissau até 2015.
Além disso, inclui 39 biografias de personalidades, guineenses e estrangeiras. "A História da Guiné não é feita só dos guineenses, mas também dos estrangeiros que por lá se cruzam. É um país que se mistura muito e onde há boa convivência", destaca Catarina Lopes.
SBR // PJA
Lusa/fim