Presidente da Controlinveste critica "preconceito" português relativamente a Angola

| Economia
Porto Canal / Agências

Porto, 22 out (Lusa) - O presidente do grupo Controlinveste afirmou hoje compreender "todas as preocupações do Presidente angolano" relativamente às relações entre Angola e Portugal, considerando que os problemas diplomáticos resultam de "preconceito" português e prejudicam os negócios bilaterais.

"Reconheço todas as preocupações do presidente angolano relativamente a isto. Nós, portugueses, não podemos ter o preconceito que sempre tivemos, mas vamos continuar a ter enquanto não houver alguém que ponha cobro a isto", afirmou Joaquim Oliveira à margem da conferência "Empresas na Caixa", organizada no Porto pela Caixa Geral de Depósitos em parceria com o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Dinheiro Vivo e TSF, do grupo Controlinveste.

O presidente do grupo de media português comentava a atual tensão diplomática entre Portugal e Angola, que levou o Presidente angolano a anunciar, na semana passada, a suspensão da parceria estratégica que pretendia criar com Lisboa.

Na base desta tensão estão notícias relativas a investigações do Ministério Público português a altos dirigentes angolanos, com base em indícios de fraude fiscal e branqueamento, que recentemente levaram o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, a pedir desculpa a Luanda pelas investigações do Ministério Público, declarações que provocaram polémica em Lisboa e levaram a oposição a pedir a sua demissão.

Defendendo que "não é bom para a economia portuguesa continuar todos os dias a duvidar da credibilidade dos angolanos", o empresário - que é apontando como estando a negociar com interesses angolanos a venda da Controlinveste - considerou não estar em causa qualquer "quezília" entre Portugal e Angola.

"Não acho que haja quezília nenhuma com o presidente José Eduardo dos Santos. Acho que Angola tomou uma posição relativamente às fugas de informação em Portugal, em que todos os dias se torra nos jornais o nome honrado das pessoas", sustentou.

A este propósito, o presidente da Controlinveste disse "não perceber a teoria dos portugueses relativamente ao dinheiro de Angola, porque não deve ser diferente [do] dos russos, dos chineses ou dos árabes".

"Lá por ser primo do príncipe ou de um 'sheik' qualquer pode vir-se para Portugal e comprar tudo. Por ser russo ou chinês chega-se aqui e, por 500 mil euros, compra-se quase a nacionalidade portuguesa, e os angolanos vêm para Portugal ...", disse, interrompendo a frase para considerar "um escândalo o procurador-geral de Angola ser sujeito a estar a ser arguido (como se consta) por causa de 70 mil euros".

Questionado pela agência Lusa sobre as negociações alegadamente em curso com vista a uma nova estrutura acionista da Controlinveste - e que, segundo tem vindo a ser noticiado, preveem a entrada no capital do empresário angolano António Mosquito e da banca - Joaquim Oliveira disse não ter "rigorosamente nada para dizer".

"Não tenho rigorosamente nada para dizer sobre negociações. Há meses consecutivos que ando a ouvir contar nos jornais e meios de comunicação social negócios com angolanos que nunca se concretizaram. Eu nunca falei, nunca disse nada. Nunca vi nenhum angolano dizer que estava interessado em comprar ou em vender", disse, acrescentando: "Tenho os negócios normais com os angolanos, sempre tive e vou continuar a ter".

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