Alunos da escola de Barroselas em greve contra aulas à chuva
Porto Canal
Centenas de alunos da escola básica e secundária de Barroselas, em Viana do Castelo, estão concentrados no exterior do estabelecimento, em greve contra as "aulas à chuva", devido às infiltrações no edifício e à falta de obras.
Trata-se de um problema cuja gravidade é conhecida desde 2011 e que se acentua a cada inverno, devido à falta das prometidas obras na estrutura do edifício, segundo os manifestantes.
Os alunos garantem que a paciência se "esgotou" e desde as 08:30 de hoje que se recusam a entrar na escola, exigindo "condições para estudar", com gritos de protesto e palavras de ordem.
"No refeitório estamos a comer e a chover no prato e na cabeça dos alunos. Nas salas de aula chove em cima dos cadernos e dos computadores", explicou à agência Lusa Hugo Pereira, presidente da associação de estudantes daquela escola.
Hugo Pereira acrescentou que neste cenário, que se tem vindo a "agravar" há cinco anos, o próprio rendimento dos alunos "está em causa", devido à falta de condições de estudo e de concentração.
A 27 de setembro passado, algumas divisões daquela escola ficaram inundadas com as primeiras chuvas, situação que afetou sobretudo áreas como a sala de professores, ginásio, biblioteca ou a papelaria.
Em janeiro de 2011, centenas de alunos também boicotaram as aulas, em protesto, já na altura, contra a chuva, que afirmavam "cair", literalmente, no interior da escola.
Situações que agora se registam novamente em Barroselas, com o regresso do período de chuva, denunciaram.
Aquela escola foi construída em 1983, mas em trinta anos recebeu apenas "alguns remendos", sendo a zona da cobertura, de um dos blocos, a mais preocupante em termos de conservação.
As obras, classificadas como urgentes, chegaram a estar previstas para a fase IV da Parque Escolar, antes de 2011, mas acabaram por nunca sair do papel, com a suspensão daquele programa de requalificação dos edifícios escolares.
Uma avaliação entretanto realizada prevê a necessidade de um investimento de cerca de 300 mil euros, para corrigir o problema da cobertura da escola. Contudo, continua a aguardar dotação financeira da tutela da Educação.
"É a qualidade do processo educativo que pode ser posta em causa, com a desmotivação dos alunos", explicou à Lusa, a 27 de setembro passado, a presidente do Agrupamento de Escolas de Barroselas.
Maria Teresa Almeida admitiu que esta falta de condições, nomeadamente o frio e a chuva no interior da escola, já levou dezenas de alunos a optarem por sair para outros estabelecimentos de ensino do concelho.
A escola é frequentada por mais de 629 alunos e a greve às aulas deverá prolongar-se por toda a manhã de hoje.