Pilar del Rio diz que Luaty Beirão é necessário à democratização de Angola
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 27 out (Lusa) -- A presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, congratulou-se hoje com o fim da greve de fome do angolano Luaty Beirão, afirmando que o ativista "é necessário para o processo de democratização de Angola".
Luaty Beirão, internado sob detenção numa clínica de Luanda, terminou na segunda-feira a greve de fome de protesto contra a sua prisão preventiva ao fim de 36 dias, divulgou hoje o advogado.
"Estou contente. Ele foi sensível aos pedidos da família e às petições de muitas pessoas solidárias", disse Pilar del Rio, contactada pela agência Lusa.
A presidente da Fundação José Saramago tinha enviado uma carta ao Presidente de Angola pedindo a libertação do 'rapper' e ativista Luaty Beirão, de 33 anos, e dos outros 14 jovens com ele detidos em Luanda, em junho.
Luaty Beirão "é completamente necessário ao processo urgente de democratização que Angola precisa", sustentou a viúva do Nobel da Literatura José Saramago.
"Estou também muito contente que os cidadãos em Portugal e noutros lugares tenham sido solidários e tenham participado nas vigílias a pedir a libertação. Foi emocionante ver essas pessoas. A sua ação é um rasgo de Humanidade para salvar a dignidade de todos", acrescentou Pilar del Rio.
Da carta enviada à embaixada de Angola em Portugal não obteve qualquer resposta: "Também não esperava uma resposta. Eu pretendia que a minha voz se juntasse a outras. Vamos ver se isto tem algum significado", disse.
Até segunda-feira, Luaty Beirão cumpriu 36 dias em greve de fome, protestando contra o que dizia ser o excesso da prisão preventiva e exigindo aguardar julgamento em liberdade, como prevê a lei angolana.
O músico e ativista, que também tem nacionalidade portuguesa, é um dos 15 ativistas angolanos em prisão preventiva sob acusação de atos preparatórios para uma rebelião em Angola e um atentado contra o Presidente da República.
O início do julgamento, que envolve outras duas arguidas em liberdade provisória, está agendado para 16 de novembro, no Tribunal de Cacuaco, nos arredores de Luanda.
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