Investigadores da Universidade de Coimbra realizaram um estudo que revela um aumento dos níveis de sedentarismo nas crianças entre os sete e os nove anos, em Portugal. Os resultados são considerados "assustadores".

A equipa de investigadores do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), com o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), explorou os hábitos de 9.032 crianças de escolas de todo o país. Como referência, tiveram o limite aconselhado de duas horas por dia a ver televisão, estipulado para as crianças pela Academia Americana de Pediatria.

As conclusões foram apresentadas no mês passado, na Conferência da International Society of Behavioral Nutrition and Physical Activity, e divulgadas esta segunda-feira à Agência Lusa.

O estudo analisou a variação no comportamento das crianças entre 2002 e 2009, com foco nos diferentes níveis socioeconómicos dos pais.
"As crianças cujos pais têm baixo nível de instrução são as que passam mais tempo a ver televisão", afirmou Cristina Padez, coordenadora da investigação.

A investigação aponta para um aumento de 12% no número de crianças que vê mais de duas horas de televisão por dia, à semana. Ao Sábado a percentagem sobe para 15% e ao Domingo chega aos 17%.

Cristina Padez referiu ainda, que relativamente ao uso dos computadores a situação é pior.
"Enquanto em 2002, as crianças praticamente não utilizavam o computador, em 2009, cerca de 19% destes miúdos gastou mais de duas horas por dia no computador", frisou a investigadora.

A prática de desporto após o período escolar foi também objecto do estudo. A pesquisa revelou que apenas metade tem actividade física fora da escola, sendo que o caso piora nos níveis socioeconómicos mais desfavorecidos, atingindo os 80% de crianças que não praticam qualquer desporto extra-curricular.

Cristina Padez considerou estes dados "assustadores", considerando fundamental a criação de "uma estratégia para combater o sedentarismo infantil".