"Ponteiros do relógio" não deve ser limitação dos médicos
Porto Canal (JYO)
O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) disse esta quarta-feira que os médicos devem continuar a gerir as suas consultas em função das “melhores práticas médicas e não limitar a prestação de cuidados médicos aos ponteiros do relógio”.
O CRNOM refere várias reclamações de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que se mostram com receio das consequências das limitações de tempo.
“Apreensivos com as consequências das constantes imposições de tempos máximos de duração das consultas e atendimentos aos doentes e de sobreposição de horários de consultas, que potencialmente podem interferir com a boa prática médica”, diz o comunicado do CRNOM.
O CRNOM sustenta mesmo que a prática de limitação de tempo por consulta vai contra o Código Deontológico da Ordem dos Médicos.
“Não se sustenta em qualquer texto legal, além de, em alguns casos, procurar obrigar o médico a observar doentes de 10 em 10 minutos ou em tempos mais reduzidos, nomeadamente em contexto de avaliação de doentes com doença aguda. Esta prática viola o Código Deontológico da Ordem dos Médicos (artigo 3.º)”, defende CRNOM.
O CRNOM que, no limite das suas competências, estará disponível apoiar institucional e juridicamente os médicos que possam ser alvo de imposições de tempo que coloquem em causa as boas práticas médicas.
A Ordem dos Médicos do Norte acrescenta ainda que o ministério de Paulo Macedo é insensível à humanização dos cuidados de saúde.
“O ministério da Saúde persiste em continuar a ignorar a essência da relação médico-doente e a humanização dos cuidados de saúde, contribuindo para dificultar o exercício correto da medicina sustentado nas boas práticas médicas”, diz a Ordem.