Honório Novo e Ana Drago deixam AR com a promessa de prosseguir combate

Honório Novo e Ana Drago deixam AR com a promessa de prosseguir combate
| Política
Porto Canal

Ana Drago, do Bloco de Esquerda (BE), e Honório Novo, do PCP, deixaram o Parlamento no final da sessão legislativa, que terminou na terça-feira, mas prometem continuar a lutar contra o executivo de coligação PSD/CDS-PP fora do hemiciclo.

Antes das férias, em entrevista à Lusa, ambos elogiaram os hábitos de rotatividade de PCP e BE e congratularam-se com o trabalho desenvolvido em São Bento e a experiência conquistada.

"Eu julgo que não é adequado sairmos deste tipo de cargos de bengala. A melhor maneira é, exatamente, no pleno uso das nossas faculdades físicas e mentais para fazermos uma transição para outro tipo de vida, o retomar da atividade profissional, continuando a atividade política noutro plano, com naturalidade", disse o professor do ensino secundário, formado em engenharia eletrotécnica, com 62 anos, os 14 últimos passados no Parlamento, já depois de cinco em Bruxelas.

Para Honório Novo a sua substituição por Paula Batista "faz-se para que haja uma renovação no grupo parlamentar e para que a pessoa que entra tenha o tempo suficiente para se afirmar".

"Nós, quando entramos para determinado lugar, achamos que vamos fazer aquele lugar, mas, se não temos cuidado, é o lugar que nos faz a nós. Ter essa perceção de que isto é um tempo que se cumpre, uma missão, que não se deve eternizar sempre, esteve bastante presente", afirmou Ana Drago, de 37 anos, em permanência na Assembleia da República desde 2005.

A socióloga confia que "o BE tem hoje condições de fazer essa renovação" e que a sua "eternização não seria bom" para a própria, o partido e até para a Assembleia da República".

"Não me vou evaporar. Vou continuar a fazer o meu ativismo a minha participação no BE. Termino as minhas funções aqui, mas não deixo de fazer política", prometeu, garantindo que "a pessoa que vai entrar tem já algum conhecimento da vida parlamentar, acompanha dossiês, é uma ativista", em referência a Mariana Mortágua.

Para Honório Novo, vive-se novamente uma situação de "pântano político" e o Governo "não tem a confiança dos trabalhadores, nem da esmagadora maioria dos eleitores do PSD e do CDS, que estão visceralmente contra estas políticas e a ´troika'".

"Eu vou continuar a luta contra este Governo fora da Assembleia da República, seja enquanto eleito na Assembleia Municipal do Porto, enquanto cidadão, enquanto militante, interventor da forma como os próprios órgãos da Comunicação Social quiserem que eu faça e, na próxima manifestação pública, no Porto ou em Matosinhos, estarei, porventura, na linha da frente", previu.

Ana Drago considerou que o país está "a morrer e a secar" e não vaticinou uma "vida longa de dois anos" ao Governo, sublinhando a aprovação da despenalização do aborto e a criação do pequeno almoço para crianças carenciadas na escola pública como as grandes marcas dos seus anos como deputada, enquanto Honório Novo lembrou o "drama" da "tragédia de Entre-os-Rios", que acompanhou de perto.

"Estou a iniciar uma tese de doutoramento em estudos urbanos, esta questão das políticas de proximidade interessa-me bastante. Espero, com esse trabalho de investigação e a participação na Assembleia Municipal de Lisboa, fazer um bom trabalho. É retomar no ponto em que tinha deixado. Não vou propriamente para vogal de um conselho de administração de uma empresa pública. Vou fazer aquilo que tinha intencionado, dedicar-me à investigação em ciências sociais", explicou.

A militante do BE não deixou de reconhecer alguma "pena" por ter descoberto que num mundo da política, ao contrário do da Academia, as respostas às perguntas nem sempre respeitam toda a informação que se tem, muito menos há lugar para o reconhecimento de que não se fez a melhor análise.

"Isso para mim foi uma grande desilusão. Descobri também que às vezes fazemos todo o trabalho e no momento em que o apresentamos ele falha não porque não haja entendimento político do outro lado, mas por mera agenda política", concluiu.

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