Líder da JP critica Câmara centrista de Ponte de Lima por "acto criminoso"
Porto Canal / Agências
Ponte de Lima, Viana do Castelo 12 dez (Lusa) - O presidente da Comissão Política Nacional da Juventude Popular acusou hoje a Câmara de Ponte de Lima (CDS) de estar cometer um "ato criminoso" a propósito do projeto do novo edifício para a autarquia.
Em declarações à Lusa, Miguel Pires da Silva, ex-vereador daquela autarquia, afirmou que desde que cessou funções optou "por se remeter ao silêncio", quebrado agora, disse, "para evitar danos irreversíveis para o concelho"
"A intenção da Câmara Municipal de construir um novo edifício dos Paços do Concelho é um total disparate, uma inutilidade que em nada melhora a qualidade de vida dos limianos, um ato criminoso", afirmou.
A Lusa contatou o presidente da autarquia, Victor Mendes, que recusou prestar declarações sobre o assunto.
Em causa está o "Projeto Integrado para a Requalificação da Administração e do Serviço Público Municipal", orçado em 6,5 milhões de euros e incluído no orçamento de 2015 que prevê, entre outras estruturas, a construção dos novos Paços do Concelho.
O projeto foi aprovado em outubro pela maioria do CDS, composta por cinco elementos, com os dois votos contra dos vereadores da oposição, Manuel Barros pelo PSD, e Filipe Viana do Movimento 51. Sábado vai ser apreciado pela Assembleia Municipal.
Para Miguel Pires da Silva "construir numa das entradas da vila mais antiga de Portugal um edifício moderno para albergar a Câmara Municipal irá desvirtuar aquilo que é a imagem de marca da nossa terra".
Adiantou que "este acesso de loucura ainda pode ser travado", apelando "ao bom senso de todos os eleitos para a Assembleia Municipal".
"Espero que o bom senso venha ao de cima, que baixem as cores partidárias e que se lembrem que a maior bandeira que têm que defender é a da nossa terra. Ponte de Lima não merece tamanho atentado. Ninguém deve temer retaliações se votar contra", sublinhou.
Contactado pela Lusa, o líder da concelhia, Abel Baptista afirmou "não estar de acordo" com a obra e adiantou "que a generalidade da população não aprova o projeto".
Abel Baptista, que durante três mandatos foi vice-presidente dos executivos presididos pelo ex-autarca Daniel Campelo, acrescentou que "atuais instalações da autarquia cumprem perfeitamente as suas funções".
"Este projeto não traz vantagem para a economia local, não cria postos de trabalho nem vai representar uma mais-valia para o concelho", sustentou.
Eleito deputado desde 2005, nas listas do CDS-PP pelo distrito de Viana do Castelo, o recém-eleito líder da concelhia do partido realçou o "bom trabalho" que tem sido desenvolvido pelo autarca Victor Mendes mas considerou que "este projeto não segue o caminho que tem sido tradição dos executivos de Ponte de Lima".
O PSD de Ponte de Lima também se opõe ao projeto e, aquando da sua aprovação em reunião do executivo, defendeu a realização de uma consulta popular.
"Tendo em consideração o investimento avultado que essa obra representa e o facto de não constar do programa eleitoral do CDS, sufragado nas últimas eleições autárquicas, deverá haver uma discussão pública do projeto, que envolva as forças vivas do concelho, e posterior auscultação da população", afirmou na ocasião Manuel Barros.
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