Ébola: Encerramento de fronteira na Guiné-Bissau pode "acentuar riscos" de falta de alimentos
Porto Canal / Agências
Bissau, 02 dez (Lusa) - O encerramento dos postos de fronteira com a Guiné-Conacri para prevenir a entrada do Ébola na Guiné-Bissau pode "acentuar riscos de insegurança alimentar", alerta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla inglesa).
"Se esta situação continuar, pode acentuar riscos de insegurança alimentar, sobretudo das famílias pobres das regiões fronteiriças", refere-se no documento de avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau a que a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com o levantamento, o fecho de fronteiras causa diversos problemas.
Há uma "diminuição de consumos agrícolas" provenientes da Guiné-Conacri, há limitação de trocas comerciais e queda de rendimentos das famílias dependentes dos "lumos" - feiras periódicas junto às fronteiras, também suspensas pelo governo.
Há igualmente um "problema de falta de mão-de-obra observada nas regiões fronteiriças", nota o documento da FAO.
Os postos a leste e sul da Guiné-Bissau que faziam a ligação com a Guiné-Conacri foram encerrados em meados de agosto pelo governo, sob justificação de ajudar a prevenir a entrada de Ébola que continua a alastrar no país vizinho.
No entanto, a medida tem sido questionada pela população e por outras entidades.
Numa avaliação ao estado de prontidão do país face ao vírus, apresentado a 19 de novembro, em Bissau, uma delegação da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu ao governo que reabra os postos fronteiriços.
Para além de dificuldades colocadas ao dia-a-dia da população, a OMS considera que o fecho dos postos fronteiriços faz aumentar a circulação entre os dois países através de passagens não vigiadas.
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