Canoagem "chocada" com "corte cego" de 20 por cento no alto rendimento

| Desporto
Porto Canal / Agências

Porto, 22 mai (Lusa) -- A canoagem portuguesa está "chocada" com o corte de 20 por cento até agosto na dotação pública para o alto rendimento da modalidade, manifestando-se "preocupada, revoltada e altamente desmotivada" com o que considera o desprezo da tutela pelo "mérito desportivo".

"Esta ausência de estratégia para o desporto de alto rendimento é apenas mais do mesmo. A federação estava convicta e crente de que finalmente a política e discurso do mérito seria mais do que mero discurso. E ficamos ainda mais chocados quando vemos que o corte, a renegociar após agosto, é afinal cego, igual para todas as federações, não premiando o mérito no alto rendimento", criticou o presidente da federação de canoagem Mário Santos, em declarações à agência Lusa.

O dirigente, que foi Chefe de Missão de Portugal a Londres2012 e será igualmente o responsável luso no Rio2016, recordou que a canoagem "teve mais de 70 pódios internacionais nos últimos anos" e que nos derradeiros Jogos Olímpicos "conquistou a única medalha e metade dos 28 pontos de Portugal" no evento, sendo que, ainda assim, "no ranking dos apoios do Estado está muito abaixo do ranking dos resultados de mérito desportivo".

"O fato de a fasquia ser igual para todos, não premeia o mérito. Pelo contrário, premeia a inércia. Fazendo muito ou pouco o reconhecimento é igual e todos sabemos que custa menos fazer pouco do que fazer muito", criticou, referindo-se ao corte válido até ao fim de agosto - posteriormente será "acertado", para cima ou para baixo - revelando que na canoagem se trata de verba de 34 mil euros num total de 170 mil.

Mário Santos considera que esta decisão é "prova evidente" de ausência de estratégia governativa para o desporto: "Temos todos os estudos - que o governo encomendou e pagou - e um discurso político que aconselham e falam de preparação a três anos e o que acontece é que nos propõem contrato de três meses a renegociar no fim de agosto, o que torna impossível uma preparação eficaz e competente".

O dirigente recordou que a tutela justificou o atraso na assinatura dos contratos precisamente com o facto de estar a estudar a especificidade das federações e a avaliar o seu mérito desportivo, "o que, afinal, não aconteceu de forma alguma, o que é extremamente desmotivante para quem procura a excelência e orgulhar Portugal no Mundo".

"A ausência do reconhecimento do mérito na atribuição de fundos públicos com racionalidade é algo que ultrapassa completamente a minha capacidade de compreensão", desabafa.

O presidente da canoagem considera que estes cortes "vão prejudicar sobretudo as gerações futuras, pois não haverá espaço para testar e dar experiência aos mais jovens para, em dois ou três ciclos, poderem lutar para serem campeões do Mundo ou olímpicos".

Mário Santos recordou que os momentos de crise são "ótimos para ruturas e aplicação de novos métodos" e lamenta que o atual governo esteja, na prática, a desperdiçar a oportunidade e a "contrariar o seu próprio discurso".

RBA // VR

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