Urbanistas defendem bacias em zonas altas para combater inundações em Lisboa

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 15 out (Lusa) -- A criação de bacias em locais altos de Lisboa que diminuam a quantidade de chuva que escorre para zonas baixas, é uma das formas de combate às inundações apontadas por urbanistas ouvidos hoje pela agência Lusa.

A medida é defendida pelo arquiteto Luís Grave, um dos especialistas em urbanismo ouvidos pela Lusa, que exemplifica com a possibilidade de adaptar o parque Eduardo VII para reter alguma da água antes que chegue à Baixa de Lisboa.

"Nos locais mais altos, em vez de se deixar escorrer as águas para os esgotos, seriam canalizadas para bacias hidrográficas", explicou, adiantando que isso seria feito "apenas com uma modelação topográfica dos terrenos ou através da forma de pavimentação".

Com este sistema, quando a chuva é mais intensa, as águas são "canalizadas naturalmente, sem intervenção humana" para "espaços públicos, praças, pracetas ou jardins, que fazem uma retenção temporária das águas, permitindo um escoamento mais lento", afirmou.

Uma solução que Luís Grave considerou não ser difícil de aplicar, mas que sublinhou necessitar de ser pensada.

"É um trabalho de criatividade, através de soluções alternativas àquelas que a engenharia hidráulica tem adotado, são soluções complementares", disse, acrescentando que "os sistemas em funcionamento devem continuar a existir".

Já o arquiteto Pedro Guimarães, membro da Associação Portuguesa de Urbanistas, chama a atenção para outras medidas também essenciais: a limpeza eficaz dos meios de escoamento, especialmente no início do outono, e a revisão de regulamentos nacionais para que se adaptem às novas condições meteorológicas.

"Era de extrema importância haver um Fórum Nacional", onde estivessem presentes "arquitetos e engenheiros urbanistas, a Direção Geral do Ambiente, meteorologistas e toda a gente ligada ao planeamento -- entre organismos nacionais e regionais -, para debater estas novas características do tempo", defendeu.

As alterações climáticas são, aliás, uma razão apontada por todos os especialistas em urbanismo que referem a invulgar intensidade e concentração das chuvas, tanto a 22 de setembro como na segunda-feira passada, como fatores que provocaram as inundações em Lisboa.

"Eventualmente, até poderá nem chover mais anualmente, mas [o clima] está mais descontrolado e há concentrações de pluviosidade mais intensas", afirmou Pedro Guimarães.

Uma opinião secundada pelo arquiteto paisagista Sidónio Pardal, para quem "as cheias são normais", tendo em conta que a precipitação nesses dias "deve ter sido extremamente concentrada e intensa", situação que poderá ter sido reforçada "pela maré cheia que reduz a capacidade de escoamento".

Ainda assim, Sidónio Pardal admitiu que a capital, como outras cidades do país, contém "erros urbanísticos na parte dos escoamentos pluviais", e defendeu ser essencial um plano de escoamento.

O problema, concluiu, é que esse plano "levará sempre anos a fazer" e "será sempre uma obra complexa, trabalhosa e dispendiosa".

PMC // JLG

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