Hong Kong: Comandante da polícia "sem arrependimentos" sobre o uso de gás lacrimogéneo
Porto Canal / Agências
Hong Kong, China, 06 out (Lusa) - O comandante da polícia de Hong Kong que decidiu utilizar gás lacrimogéneo contra os manifestantes pró-democracia que ocupavam o centro da cidade a 28 de setembro, disse não ter arrependimentos e garantiu que voltaria a dar a ordem.
De acordo com o jornal South China Morning Post, o superintendente era o responsável pela zona de Admiralty naquela noite.
"Não tenho arrependimentos. Se não tivesse usado [o gás], e eles tivessem passado [o cordão policial], podíamos ter tido feridos graves ou pior", explicou, referindo-se aos acontecimentos de 1992, quando 21 pessoas morreram esmagadas em Lan Kwai Fong.
"Se voltasse a estar na mesma situação, e se verificasse uma ameaça séria à segurança pública, faria o mesmo", disse.
O agente, que pediu ao jornal para não ser identificado, explicou que, caso não avançasse com o uso de gás lacrimogéneo, mortes podiam acontecer, e que a medida foi apenas uma forma de prevenir ferimentos em larga escala, caso o cordão policial tivesse sido quebrado.
"A intenção não era dispersar a multidão, era parar as investidas e garantir que não havia pessoas esmagadas", disse.
"As pessoas que estavam à frente, nas primeiras três ou quatro filas, eram muito agressivas nas suas ações para com a polícia, espetando os chapéus-de-chuva, dando pontapés nos agentes", explicou ao jornal.
Questionado sobre se o chefe do Executivo, CY Leung, tinha sido informado da sua decisão, o comandante negou: "Nunca foi uma ação ofensiva, tratou-se de defender o cordão e garantir que as pessoas não eram esmagadas".
No passado sábado, a polícia voltou a lançar gás sobre um grupo de manifestantes que se concentrou em frente a uma esquadra no bairro de Mong Kok, mas desta vez apenas gás pimenta.
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