145 dias de UNIR. O relato na primeira pessoa dos utentes que esperam e desesperam

145 dias de UNIR. O relato na primeira pessoa dos utentes que esperam e desesperam
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Porto Canal

1 de dezembro de 2023. Depois de sucessivos adiamentos, arrancava a operação da rede UNIR, um projeto de 17 municípios que juntava num único serviço e imagem todos os transportes públicos rodoviários da área metropolitana do Porto, com exceção da STCP. Mais de quatro meses depois, a empresa está longe de atingir os objetivos a que se propôs. Diariamente, milhares de utilizadores contestam o compromisso assumido pela UNIR de garantir “uma nova forma de mobilidade” que se materialize em “mais linhas, mais horários, maior cobertura, mais conforto e mais amiga do ambiente”.

De acordo com a Área Metropolitana do Porto (AMP), desde março que a operadora está a ter uma "implementação gradual" dos novos horários, prevendo para breve a resolução de faltas de informação e falhas que ainda se verificam. Enquanto isso, os utentes esperam e desesperam. E para aqueles que chegam ao trabalho com horas de atraso, toda e qualquer nova promessa cai em saco roto, onde a única certeza é de que os horários em vigor não serão cumpridos.

 
 
 
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Diz o ditado que há que separar o trigo do joio, e a verdade é que os problemas da nova rede de transportes não se estendem a todos os concelhos da AMP. Para aqueles que se deslocam a partir da periferia de Vila Nova de Gaia, como Pedroso, Sandim e Canelas, o (não) cumprimento dos horários é o verdadeiro problema.

“Não podemos contar com horas”, é a frase mais repetida na paragem de autocarro onde o Porto Canal ouviu vários utentes que desvalorizam o facto de os horários já se encontrarem disponíveis no website da empresa.

Para além dos autocarros que “teimam em não aparecer”, estes gaienses relatam que o horário publicado os obriga a calcular a que horas passará o veículo na paragem que pretendem, já que o documento disponibilizado no site da operadora apenas apresenta as horas de alguns dos pontos da linha em questão.

Maria do Céu Bastos apanha o autocarro todos os dias para Sandim e há meses que está “às escuras” porque não há horários afixados na paragem e não tem outra forma de os consultar. “Não podemos contar com horários e temos que esperar até algum aparecer”, suspira.

Tiago Valentim é outro utente regular e descreve que para Canelas “o serviço é péssimo”. Tem que apanhar o autocarro todos os dias para o trabalho, e chega “diariamente atrasado” porque o horário não é cumprido de forma alguma. Revela ainda que agora “podem aceder ao site para os novos horários, onde supostamente foram todos atualizados”, mas não viu qualquer atualização, e que mesmo assim “os atrasos continuam, as falhas existem, e por vezes são falhas de horas sem qualquer autocarro”, como foi o caso reportado no local, pelo Porto Canal.

As opiniões são unânimes e há relatos de utilizadores que chegam a esperar “uma hora, hora e meia, duas horas” pelo autocarro que necessitam.
A Área Metropolitana do Porto (AMP) em declarações ao Porto Canal, responde que “a transição para uma nova operação de transporte público implica sempre uma fase de adaptação e ajustamento dos horários às necessidades das populações, situação que é habitual demorar alguns meses.”

“A rede UNIR encontra-se neste momento já em fase de consolidação da rede, processo que origina a publicação de horários atualizados sempre que necessário”, acrescenta.
Quanto à possível afixação de horários em papel nas paragens com abrigo, a AMP afirma que “é uma obrigação contratual dos operadores e que deverá estar implementada assim que os horários estejam estabilizados”.

De relembrar que há cerca de um mês vários autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP), especialmente os abrangidos pelo lote 5 da rede de autocarros Unir, ameaçaram arrancar com procedimentos contratuais e até jurídicos contra os operadores.

"Nós estamos a levar a cabo todas as diligências junto da empresa para que isso aconteça, mas há um tempo para tudo, e teremos efetivamente de chegar a um ponto, a muito breve trecho, em que serão aplicadas as medidas contratuais e judiciais necessárias para resolver esta situação de imediato", disse Jorge Sequeira, vice-presidente da AMP.

Jorge Sequeira afirma que os autarcas têm sido tolerantes por compreenderem que a rede Unir "é uma operação de grande envergadura e de grande escala, porque envolve uma grande mobilização de meios humanos e de meios materiais, e que há um período normal de adaptação", mas "há questões às quais não estão a ser dadas respostas".

Durante estes quatro meses, foi divulgada a informação que haveria mais autocarros e mais horários em circulação de forma a responder às queixas por parte dos utentes. Mas não é isso que os utilizadores da UNIR têm sentido. Apesar da publicação oficial dos horários no site, é unânime o descontentamento pelo serviço prestado pela operadora.

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