Trabalhadores da Petrogal querem respostas dos partidos sobre terrenos da refinaria de Matosinhos
Porto Canal / Agências
A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal questionou esta sexta-feira os partidos concorrentes às eleições legislativas de domingo sobre o futuro dos terrenos da antiga refinaria de Matosinhos, cujo encerramento reitera ter sido um “crime”.
“A CCT pergunta a todos os partidos o que pretendem fazer com os terrenos da refinaria, onde a maior parte dos equipamentos continuam a apodrecer e são um monumento ao seguidismo dos governos portugueses aos ditames da União Europeia (UE) para a desindustrialização do país, sem salvaguardar a nossa soberania energética ou até delapidar os recursos nacionais para patrocinar a descarbonização de outros do centro da Europa”, lê-se num comunicado divulgado esta sexta-feira.
Recordando que o anterior Governo “foi o principal instigador” do encerramento da refinaria de Matosinhos e acusando o então ministro do Ambiente, Pedro Matos Fernandes, de “mentir descaradamente sobre as ajudas aos trabalhadores despedidos, que apenas surgiram mais de dois anos depois”, a CCT acusa o atual executivo de ter “o desplante de aprovar agora, em vésperas de eleições, diplomas que servirão apenas o eleitoralismo”.
“Para um voto informado, convirá aos trabalhadores procurar o que fizeram e disseram os partidos da oposição sobre o crime do encerramento da refinaria, quem se opôs, quem se calou e fez de morto”, aconselha.
Para a comissão de trabalhadores da Galp, em causa está um “seguidismo do ímpeto belicoso ‘made in USA’”, faltando ainda “perceber o que ganhou a administração na proclamada ‘pole position’ quando foi a correr anunciar o corte nas importações de produtos petrolíferos à Rússia”.
Isto porque, sustenta, “a política e os negócios não andam de costas voltadas, nem poderiam andar, porque orbitam em torno dos interesses que defendem”.
Para a CCT, “faz falta ao país uma política alternativa e concretizada a partir dos interesses dos trabalhadores, que coincidem com o desenvolvimento do país e não com o financiamento e alimentação dos grupos especuladores internacionais, onde cabe a retórica do excesso de impostos pagos pelo grupo”.
“Foram feitas várias alterações à lei do trabalho na última legislatura, mas não foi beliscada ou tornada ilegal a situação que vivemos no grupo Galp, em que é possível substituir trabalhadores efetivos da empresa-mãe por outros contratados por conta de outras do mesmo grupo, mas com quadros de direitos diferentes - leia-se inferiores”, denuncia.
Considerando que a campanha eleitoral para as eleições legislativas de domingo, que termina esta sexta-feira, “é, muitas vezes, avessa à discussão de ideias ou propostas concretas de cada um dos partidos concorrentes", a CTT defende que “deveria haver o tempo e o espaço suficientes para apresentá-las aos cidadãos eleitores” e apela a todos os trabalhadores que reflitam sobre os problemas que apontou.