Bens “esquecidos” ganham nova vida em instituições de solidariedade do Porto
Maria Abrantes
A empresa municipal Domus Social apoiou três dezenas de instituições de solidariedade, através da doação de bens, pertencentes ao recheio de várias habitações, tomadas pela autarquia.
Das 147 instituições convidadas a participar no Open Day da empresa municipal, 30 marcaram presença. Tratam-se de instituições de solidariedade social, sem fins lucrativos, e que atuam na área do Porto. Eram estes os requisitos “essenciais para que as instituições pudessem beneficiar da ação de doação de bens, provenientes de ações de tomada de posse de habitações, muitas delas por falecimento dos ocupantes, em que não existissem familiares”, onde pudessem depositar os bens recolhidos das casas, conta-nos Luís Pereira, coordenador da gestão processual de fiscalização da Domus Social.
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Todos os objetos, desde mobiliário pesado a utensílios de uso corrente, são depositados num armazém, em Campanhã, e expostos de maneira a que as instituições convidadas possam escolher o mais falta lhes faz.
“Normalmente, os eletrodomésticos desaparecem logo”, explica Luís Pereira, sendo esta já a terceira edição do evento, fruto da política de responsabilidade social da empresa, até porque, “se estes artigos não forem doados, o destino final é o vazadouro”.
Instituições de solidariedade vivem essencialmente de donativos
São variadas as áreas de ação das instituições convidadas, desde o apoio a idosos como o acolhimento de jovens em risco, assim como as necessidades de cada uma.
“Temos carência de muitas coisas e vivemos essencialmente de donativos, que são essenciais para a sobrevivência da instituição e para darmos o nosso melhor”, confessa-nos Ana Paula Moura, funcionária do Lar Nª Senhora do Livramento, que apoia jovens em risco.
Estão, neste momento, a montar dois apartamentos para a autonomia de alguns destes jovens e, desta ação de doação de bens, levam estantes para a cozinha, “roupa para as meninas” e louças.
“Até devia haver mais este tipo de iniciativas. Era muito bom, porque, especialmente no caso das instituições, é uma ajuda muito grande”, comenta Alice Gomes, funcionária da mesma instituição, agradada com a iniciativa.
Para Mónica Barbosa, diretora técnica da Beneficência Evangélica do Porto, as necessidades são diferentes, uma vez que se trata de um lar de idosos.
“Nós usamos coisas muito específicas, como camas articuladas e, portanto, não podemos aproveitar esse tipo de mobiliário que está aqui disponível, mas levamos outro tipo de material, como um móvel para a sala, para funcionar como louceiro, e mais algumas coisas”, além de cadeiras e mesas de esplanada para fazerem uma sala de convívio.
De acordo com a diretora técnica, o Open Day é “muito interessante e muito bom para as instituições. A maior parte do mobiliário que temos foram doações de utentes e familiares, algum já com muitos anos e que precisa de ser substituído. Assim, é uma forma de as instituições o conseguirem fazer, sem custos, e os utentes gostam sempre de ver coisas novas”.
De acordo com a lei, os bens recolhidos pela Domus são armazenados durante pelo menos um ano e, não sendo reclamados pelos proprietários, consideram-se abandonados a favor do Município do Porto, segundo o Regulamento de Armazenamento, Perda e Aquisição de Bens.