Galp afirma que contribuição extraordinária na energia “está a tornar-se mais permanente do que o esperado”
Porto Canal / Agências
O presidente executivo da Galp disse esta segunda-feira que a promessa de acabar com a contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE) não foi cumprida e que a taxa está a tornar-se mais “permanente” do que o esperado.
“Em Portugal temos a CESE, que, infelizmente, parece que vai continuar. Começou como uma forma de reduzir o défice tarifário do sistema elétrico – nada a ver com o petróleo e o gás – era esperado que, à medida que o défice tarifário fosse reduzido a zero, a CESE também fosse a zero. Essa promessa não foi cumprida”, afirmou Filipe Silva, na teleconferência com analistas sobre os resultados da petrolífera no terceiro trimestre.
O líder da Galp realçou que o défice do sistema elétrico vai voltar a aumentar em 2024 e, por isso, a empresa não está confiante no fim da contribuição extraordinária: “está a tornar-se mais permanente do que o esperado”.
Filipe Silva queixou-se de que a empresa “continua sujeita a tributação discriminatória”, um tema com o qual a empresa está “a lidar internamente”.
“Continuamos a investir em Portugal, a adaptar a nossa refinaria em Sines, […] a última coisa de que precisamos, além da taxação normal, é mais taxação extraordinária”, apontou, acrescentando que aguarda para ver “o que sai” do Orçamento do Estado para 2024.
Segundo a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, conhecida em 10 de outubro, a CESE vai manter-se em vigor em 2024, pelo décimo primeiro ano consecutivo, depois de ter sido criada em 2014 com caráter temporário.
Em Portugal, o imposto sobre lucros extraordinários, aplicado em 2022 e 2023, deixa de ser cobrado no próximo ano, mas em Espanha ainda não é certo o que irá acontecer, lembrou o presidente executivo.
No Brasil, a Galp decidiu adiar o desenvolvimento de alguns projetos de energias renováveis, devido ao contexto inflacionista e consequente agravamento de custos, registando uma imparidade de 59 milhões de euros nos resultados do terceiro trimestre.
Segundo a empresa, aqueles projetos continuam no portefólio, mas só se prevê pedir a ligação à rede elétrica quando o mercado recuperar.
A Galp anunciou esta segunda-feira que obteve um lucro de 718 milhões de euros nos primeiros nove meses, mais 18% que no mesmo período de 2022, impulsionada por um "sólido desempenho" em todas as unidades de negócio.