Acusações contra Trump são históricas e testam democracia norte-americana, apontam especialistas 

Acusações contra Trump são históricas e testam democracia norte-americana, apontam especialistas 
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Porto Canal/Agências

Cada indiciamento contra Donald Trump é histórico, mas o mais recente, em que é acusado de conspirar contra o Estado, retrata um ex-presidente tão determinado em permanecer no poder que coloca em risco os alicerces da democracia norte-americana.

Investigadores nos campos da história e dos estudos judiciais dizem que a nova acusação apresentada pelo procurador especial federal Jack Smith é mais consequente do que as anteriores, relacionados dinheiro pago a uma atriz de filmes 'porno' e o uso abusivo de documentos classificados, colocando "um teste único" para o Estado de Direito, numa "ameaça à democracia".

Na acusação de 45 páginas divulgada esta terça-feira, o magnata, que continua a ser o favorito para a indicação republicana nas eleições presidenciais de 2024, é descrito como responsável por desenvolver um "projeto criminoso" para impedir uma transição pacífica do poder.

Para o historiador Jon Meacham, a acusação vem confirmar "um dos episódios mais negros" da história dos EUA, durante o qual o ex-presidente "colocou a sua própria ambição acima de tudo".

"A Constituição vergou após a eleição de 2020. Não quebrou. Mas isso não significa que não quebre no futuro”, alertou o historiador à estação MSNBC, apontando os perigos para a democracia norte-americana.

De acordo com a acusação, se por um lado o magnata de 77 anos tinha o direito de contestar ruidosamente a sua derrota nas presidenciais de 2020, Trump entrou na ilegalidade ao conspirar com outros - não indicados – para reverter o resultado do escrutínio conquistado pelo democrata Joe Biden.

Trump espalhou mentiras conscientemente, para “criar um clima nacional de desconfiança e raiva e minar a confiança do público nos responsáveis pelas eleições”, acrescenta a acusação.

Após uma investigação de meses, supervisionada pelo procurador especial Jack Smith, Trump é acusado de ter "pressionado autoridades em certos estados a ignorar o voto popular".

E ainda de estar por trás de um esquema envolvendo "falsos eleitores" e de pressionar o vice-presidente Mike Pence a utilizar os seus poderes na certificação dos resultados para os alterar a seu favor.

É também acusado de ter explorado a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para “denunciar falsas denúncias de fraude eleitoral”.

Estas são as acusações mais graves contra o ex-chefe de Estado, que já foi indiciado no caso da alegada gestão negligente de documentos confidenciais da Casa Branca e de falsificar documentos comerciais num caso que envolveu a atriz pornográfica Stormy Daniels, com quem o ex-presidente teve um caso em 2006.

"As acusações contra Trump são verdadeiramente históricas" porque nenhum ex-presidente dos EUA foi "acusado de espalhar mentiras sobre uma eleição e tentar usar a autoridade do governo para reverter a vontade dos eleitores expressa numa eleição presidencial", sublinhou à agência France-Presse (AFP) Carl Tobias, professor de direito na Universidade de Richmond.

A acusação é "extremamente forte legalmente", acrescentou, considerando que "explica de forma clara e abrangente as leis e os factos que mostram como Trump estava ciente das suas mentiras".

Para Richard Hasen, professor de direito da Universidade da Califórnia em Los Angeles, “não é exagero dizer que a forma como estes processos são conduzidos” terão impacto no rumo que a democracia norte-americana tomará após 2024.

“Esta é talvez a acusação mais significativa já emitida para proteger a democracia americana e o Estado de direito em qualquer tribunal americano contra qualquer pessoa”, frisou este professor na revista Slate.com.

Trump continua a denunciar uma caça às bruxas destinada a atrapalhar a sua candidatura em 2024, mantendo, contra todas as evidências, que a eleição de 2020 lhe foi roubada.

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