Sudão. UE “não pode fechar os olhos” a uma crise humanitária, reforça enviado da ONU

Sudão. UE “não pode fechar os olhos” a uma crise humanitária, reforça enviado da ONU
| Mundo
Porto Canal/Agências

O chefe da missão da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Sudão, Volker Perthes, considera que a União Europeia (UE) “não pode fechar os olhos” a uma crise humanitária no Sudão, que traria imigração irregular para a Europa.

“De acordo com as autoridades egípcias, temos cerca de 250 mil sudaneses que se deslocaram para o Egito ou que estão a tentar deslocar-se para o Egito e para […] o Chade e suponho que muitos deles queiram seguir em frente. Sei que os europeus estão a observar isso com muita atenção, especialmente depois do que vimos acontecer no Mediterrâneo nas últimas semanas”, contextualizou Volker Perthes, numa alusão aos recentes naufrágios, que fazem temer uma nova crise migratória na UE.

Em entrevista a agências internacionais baseadas em Bruxelas, incluindo a agência Lusa, no dia em que se reúne com representantes das instituições europeias, o representante especial do Secretário-Geral da ONU para o Sudão vincou: “A Europa não pode fechar os seus olhos a isto”.

“Isto [deslocamentos internos e externos devido ao conflito no Sudão] irá provocar mais migração irregular, mais refugiados primeiro e depois, consequentemente, mais migração irregular”, salientou.

Com a UE e os seus Estados-membros a serem dos principais doadores para ajuda humanitária ao Sudão, Volker Perthes apelou a mais “responsabilidade humanitária” da comunidade internacional, dado o risco de catástrofe humanitária no Sudão, numa situação que descreveu como “algo que não acontecia há muitos anos”.

Ainda assim, avisou que “nenhum recurso é ilimitado” e, por isso, “se houver uma crise humanitária desta dimensão no Sudão, os europeus não conseguirão desviar o olhar”.

“O Sudão é o terceiro maior país de África em termos de território, por isso se este país se fragmentar, não se trata apenas de uma implosão, mas sim de uma explosão, cujos efeitos se farão sentir nos países vizinhos e muitos deles já têm os seus próprios processos de transição difíceis que serão afetados”, referiu o chefe da missão da ONU no Sudão.

Para Volker Perthes, após três meses de acesos combates entre o exército regular e paramilitares, o conflito no Sudão leva a que o país esteja “à beira de uma guerra civil de dimensão étnica”.

Esta quarta-feira, o responsável está em Bruxelas para reuniões com membros da Comissão Europeia e do Serviço de Ação Externa, com vista a esforços diplomáticos da UE para um cessar-fogo.

Estima-se que o conflito no Sudão tenha provocado, recentemente, quase três milhões de deslocados no país e mais de 700 mil que atravessaram as fronteiras para países vizinhos, como Egito, Chade, Sudão do Sul, Etiópia e República Centro-Africana.

Dados da ONU revelam ainda que quase metade da população no Sudão, cerca de 25 milhões de pessoas, precisa de assistência humanitária, pelo que se calcula que seja necessário um apoio humanitário de cerca de três mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros) para as agências humanitárias no terreno e para os refugiados.

Os combates entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) começaram em meados de abril e até agora as partes beligerantes não mostraram qualquer intenção de chegar a um novo cessar-fogo.

O conflito fez, até agora, mais de 1.100 mortos, segundo o Ministério da Saúde sudanês, mas os números reais podem ser muito mais elevados, dada a violência intercomunitária desencadeada nas regiões do Darfur e do Cordofão.

+ notícias: Mundo

Ex-membro da máfia de Nova Iorque escreve livro dirigido a empresários

Lisboa, 06 mai (Lusa) -- Louis Ferrante, ex-membro do clã Gambino de Nova Iorque, disse à Lusa que o sistema bancário é violento e que escreveu um livro para "aconselhar" os empresários a "aprenderem com a máfia" a fazerem negócios mais eficazes.

Secretário-geral das Nações Unidas visita Moçambique de 20 a 22 de maio

Maputo, 06 mai (Lusa) - O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, vai visitar Moçambique de 20 a 22 de maio, a primeira ao país desde que assumiu o cargo, em 2007, anunciou o representante do PNUD em Moçambique, Matthias Naab.

Síria: Irão desmente presença de armas iranianas em locais visados por Israel

Teerão, 06 mai (Lusa) - Um general iraniano desmentiu hoje a presença de armas iranianas nos locais visados por Israel na Síria, e o ministro da Defesa ameaçou Israel com "acontecimentos graves", sem precisar quais, noticiou o "site" dos Guardas da Revolução.