BCE deve considerar programa amplo de compra de activos
Porto Canal / Agências
Lisboa, 19 jun (Lusa) - O FMI afirmou hoje que o Banco Central Europeu (BCE) deve considerar um "programa de compra de ativos de larga escala", se a inflação permanecer em níveis "persistentemente baixos", à semelhança do que fez a Reserva Federal (Fed).
Num documento divulgado hoje ao abrigo do Artigo IV, que prevê a realização de uma análise anual a todas as economias que integram o FMI, a instituição refere que as ações recentes do BCE "assinalam a sua determinação" para cumprir o seu mandato.
No entanto, o Fundo considera que "se a inflação permanecer persistentemente baixa, o BCE deve considerar um programa de compra de ativos de larga escala, sobretudo de ativos soberanos de acordo com a repartição do capital do BCE", uma medida que foi aplicada nos Estados Unidos da América, pela Reserva Federal (Fed).
A Fed lançou um amplo programa de compra de ativos, injetando na economia mensalmente 85 mil milhões de euros (cerca de 63 mil milhões de euros), mas desde o início do ano, começou a reduzir gradualmente este programa, ficando em cerca de 35 mil milhões de dólares (cerca de 26 mil milhões de euros) mensais a partir de julho.
O FMI destacou ainda "os progressos substanciais" na construção de uma união bancária europeia "mais completa", considerando que "a transição para um supervisor único - o Mecanismo Único de Supervisão - vai facilitar a provisão de liquidez entre os países, reduzindo por isso a fragmentação".
Ainda assim, a instituição liderada por Christine Lagarde entende que "o trabalho deve continuar no sentido de estabelecer uma barreira comum ['backstop'] para cortar de forma eficaz as ligações entre os Estados e os bancos", alertando que a barreira atualmente prevista "pode manifestar-se insuficiente para quebrar decisivamente" estas ligações e que "a centralização de recursos de resolução pode não ser suficiente para resolver problemas em grandes bancos".
O Fundo considera que a inflação está "preocupantemente baixa, incluindo nos países 'core'", o que penaliza a procura e o crescimento e dificulta o ajustamento que tem de ocorrer para o crescimento sustentável ter lugar.
Em relação ao Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), o FMI refere que, apesar das reformas sucessivas, "o sistema tornou-se excessivamente complicado com múltiplos objetivos e alvos", e destaca que o cumprimento dos objetivos "tem sido pobre", o que reflete em parte "os mecanismos fracos de aplicação".
"Não há soluções fáceis para estes problemas", escreve a instituição, que "deve ser considerado um enquadramento mais simples, com um objetivo único".
O FMI dá mesmo um exemplo: a redução da dívida podia ser "o objetivo orçamental último" e o equilíbrio estrutural seria "o único objetivo operacional".
Outro aspeto apontado pelo FMI é o desemprego, que é "inaceitavelmente elevado", sobretudo entre a população jovem, o que acarreta "danos permanentes na capacidade de as economias crescerem"
"É preciso um crescimento muito mais elevado para fazer baixar o desemprego e a dívida. Tendo em conta o ambiente benigno do mercado, agora é o tempo de implementar reformas para aumentar o crescimento", adverte ainda a instituição, identificando três áreas de intervenção: o apoio à procura, a conclusão da união bancária e o avanço das reformas estruturais.
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