John Kerry expressa preocupação sobre papel do Hamas no novo governo palestiniano
Porto Canal / Agências
Washington, 02 jun (Lusa) -- O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, telefonou, este domingo, ao Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, transmitindo-lhe a sua preocupação relativamente ao papel que o Hamas poderá desempenhar no governo de unidade palestiniano, que toma hoje posse.
"O secretário de Estado manifestou preocupação relativamente ao papel do Hamas no Governo e [transmitiu] a importância de que o novo Executivo se comprometa com os princípios da não-violência, do reconhecimento do Estado de Israel e do respeito por acordos previamente firmados", disse a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jen Psaki.
"O Presidente Abbas assegurou ao secretário de Estado que o novo Governo estará comprometido com esses princípios", acrescentou Jen Psaki em comunicado.
"Os ministros não serão membros da Fatah", movimento dirigido por Abbas, "nem do Hamas", movimento de resistência islâmica, no poder na Faixa de Gaza, reiterou.
Kerry disse a Abbas que "os Estados Unidos vão acompanhar de perto a situação e que julgarão qualquer Governo com base na sua composição, nas suas políticas e nas suas ações", apontou a porta-voz.
O apelo coincide com rumores publicados no diário jordano al-Arab al-Yawm de que John Kerry prevê viajar, esta quarta-feira, para a Jordânia para se encontrar com Abbas, informação que o Departamento de Estado norte-americano não confirmou.
A conversa telefónica ocorreu horas depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter pedido à comunidade internacional para não se "precipitar" a aceitar o Governo de unidade palestiniano acordado entre o Hamas - movimento de resistência islâmica, no poder na Faixa de Gaza -- e o movimento nacionalista Al Fatah porque "fortalecerá o terrorismo".
Israel denunciou o acordo de reconciliação entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Hamas, que considera uma organização terrorista, tal como a UE e os Estados Unidos.
A Organização de Libertação da Palestina (OLP), dominada pela Fatah, assinou em 23 de abril um acordo de reconciliação com o Hamas, pelo qual as duas partes dispunham de cinco semanas para formar um "Governo independente" de tecnocratas dirigido por Abbas.
O acordo sobre o Governo de unidade prevê designadamente a formação de um executivo de unidade integrado por personalidades independentes, sem mandato político, e que deverá organizar eleições gerais num prazo de seis meses.
Nas últimas legislativas, que decorreram em 2006, o Hamas obteve uma vitória confortável sobre a Fatah, movimento dirigido por Abbas.
No entanto, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos continuam a recusar dialogar com o movimento islamita e exigem como condição prévia que renuncie à violência, reconheça Israel e aceite os anteriores acordos de paz.
Representantes das duas fações rivais mantiveram diversos encontros para dissipar as divergências, na sequência da guerra fratricida em 2007 e que implicou a expulsão da Fatah de Gaza, com um balanço de dezenas de mortos, feridos e detidos.
O acordo de reconciliação anunciado em abril motivou uma reação intempestiva de Israel e serviu de pretexto para interromper de vez as conversações de paz entre o Estado judaico e a liderança de Abbas, patrocinadas pelos Estados Unidos.
O novo governo de unidade vai ser empossado hoje em Ramallah, na Cisjordânia.
DM (PCR/EJ)// DM.
Lusa/Fim