Microrreserva da Quercus em Leiria salva da extinção planta única no mundo
Porto Canal / Agências
Leiria, 26 mai (Lusa) -- A microrreserva da Quercus em Leiria, criada há dois anos para salvar da extinção a "Leuzea longifolia", uma planta da família das margaridas, única no mundo, já contribuiu para a propagação da espécie, disse um dirigente da associação ambientalista.
"Temos a ideia de que ela se está a propagar, vemo-la em mais locais do que aqueles onde estava", disse à agência Lusa Paulo Lucas, dirigente da Quercus -- Associação Nacional de Conservação da Natureza.
Paulo Lucas estima em cerca de 150 os exemplares desta espécie que povoam a microrreserva, terreno de um hectare - onde está confinada a planta - de uma área de 136 hectares classificada como Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000 Azabucho, na localidade com o mesmo nome.
O responsável esclareceu que como a "Leuzea longifolia" se propaga, também, no subsolo, o conhecimento do seu número torna-se "bastante complicado".
"Precisamos de mais estudos", defendeu Paulo Lucas, adiantando que o espaço vai ser aberto a investigadores e a Quercus vai encetar um "processo de gestão deste espaço para maximizar a ocorrência da espécie".
Entre os trabalhos estão ensaios "para tentar saber se a roça dos matos pode influenciar -- por diminuir a competição com outras espécies -- a propagação", exemplificou.
A criação da microrreserva no Azabucho, na freguesia de Pousos, a meia dúzia de quilómetros da cidade de Leiria, foi um "final feliz", como define Paulo Lucas, de um processo que evitou a destruição da espécie num terreno onde havia a intenção de converter um pinhal em eucaliptal numa área com apetência urbanística.
"Conseguimos, juntamente com o proprietário, com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, com o município de Leiria e com a Junta de Freguesia dos Pousos resolver este problema, adquirindo o terreno", explicou, destacando que esta população de "Leuzea longifolia" ficou "salvaguardada" com esta ação.
Segundo Paulo Lucas, trata-se de uma espécie "muito importante", que "só existe em Portugal", onde tem mais dois núcleos, Loures e Ota.
"É uma espécie muito vulnerável, porque está dependente de uma série de condições de solo e de clima que não ocorrem em todas as partes do país", declarou, referindo que os conhecimentos indicam que "não se reproduz de uma forma fácil" e "não gosta de competição das outras", o que justifica a sua raridade e a necessidade de manutenção desses requisitos para garantir a sua sobrevivência no futuro.
Paulo Lucas salientou ainda, a importância deste trabalho, realçando que o Azabucho foi o sítio designado para proteger a planta.
"Seria muito mau para todos nós, como cidadãos europeus, que se extinguisse uma importante população e deixássemos de ter um sítio que foi criado precisamente para proteger essa planta", acrescentou.
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