Plataforma "Salvar o Tua" exige reprovação da linha de alta tensão no Douro
Porto Canal / Agências
Vila Real, 05 mai (Lusa) -- A Plataforma "Salvar o Tua" exige a reprovação da linha de alta tensão que ligará a barragem do Tua à rede elétrica nacional porque considera que o balanço de impactes é "globalmente muito negativo".
Esta linha tem como objetivo escoar a energia produzida no Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua (AHFT) para a Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, atravessando área inserida no Alto Douro Vinhateiro (ADV).
O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) proposto pela EDP -- Gestão da Produção de Energia e que apresenta oito alternativas para a passagem da alta tensão, esteve em consulta pública entre 02 de abril e 02 de maio.
A Plataforma "Salvar o Tua", que junta nove associações ambientais e uma quinta de produção vinícola, afirmou, em comunicado, que "o balanço de impactes da linha de alta tensão associada à barragem de Foz Tua é globalmente muito negativo" pelo que exige "a sua reprovação".
No parecer entregue no âmbito da consulta pública, a organização considerou que o processo começou mal e que o empreendimento hidroelétrico e a linha de alta tensão deveriam ter sido estudados em conjunto, só que, o processo da linha só arrancou em 2011, dois anos depois de aprovada a barragem.
Para os opositores à barragem, esta e a respetiva linha "implicarão impactes ambientais brutais: a destruição de um vale com alto valor paisagístico e ambiental, a desvalorização do Alto Douro Vinhateiro (ADV), a destruição da ímpar linha ferroviária do Tua e a degradação das perspetivas de um turismo de qualidade assente nos valores locais".
"Todos os traçados propostos no EIA implicam impactes significativos sobre o ADV, ou atravessam o vale do Douro e seus afluentes com grande visibilidade e degradação da paisagem tradicional ou cruzam zonas de alta sensibilidade para espécies raras e protegidas, como a cegonha negra", referiu ainda.
O EIA foi uma das exigências feitas pela UNESCO, que, em junho, aprovou o projeto de deliberação que compatibiliza a Barragem de Foz Tua com o Douro Património Mundial, impondo, no entanto, medidas de salvaguarda.
Para a Plataforma "Salvar o Tua", "as medidas de compensação e mitigação de impactes propostas são essencialmente ineficazes".
Esta organização disse ainda que "foram ignorados os impactes cumulativos em matéria de qualidade da água, ecossistemas ribeirinhos, despovoamento, mobilidade, produção de vinho, destruição de terrenos agrícolas, riscos para as populações ribeirinhas e o litoral.
E foi ainda ignorado, segundo acrescentou, a "possibilidade de uma linha enterrada, assumida como inviável".
O EIA apresenta seis alternativas para ligar à subestação (SE) de Armamar e duas alternativas para ligar num ponto mais a nascente, no concelho de Torre de Moncorvo.
Os custos de cada alternativa variam entre os 8,8 e os 15,4 milhões de euros.
As diferentes soluções do projeto desenvolvem-se na bacia hidrográfica do rio Douro, cruzando alguns dos seus principais afluentes: na margem direita os rios Sabor, Tua e Pinhão e, na margem esquerda, os rios Torto e Tedo.
O licenciamento do projeto da linha só poderá ser concedido após Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável ou condicionalmente favorável. A DIA deverá ser emitida até 03 de julho.
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