Pires de Lima aponta capitalização das empresas como essencial ao crescimento do país

| Economia
Porto Canal / Agências

Porto, 23 abr (Lusa) -- O ministro da Economia, Pires de Lima, afirmou hoje que só com empresas capitalizadas será possível dinamizar o investimento e assegurar um crescimento "sustentável" e "poderoso" da economia portuguesa a partir de 2015, a taxas "claramente superiores a 2%".

"Acredito que este processo de crescimento que estamos a viver será sustentável e será poderoso, com taxas de crescimento claramente superiores a 2%, se este tema do desafio da capitalização das empresas for bem resolvido. Não acredito em empresas de sucesso sem estruturas de capitais adequadas e, do meu ponto de vista, este é o fator mais crítico de execução para que este ciclo de crescimento possa ser um ciclo virtuoso e continuado", afirmou o ministro no Porto durante a conferência "A Contribuição da Indústria para o desempenho global da economia".

Contudo, alertou Pires de Lima, "não chega pedir aos bancos que emprestem mais dinheiro e mais barato": "É preciso pedir aos empresários que capitalizem as suas empresas mesmo que isso signifique, em muitos casos, abrir o capital a novas experiências de sócios e a novas fórmulas de trabalho", sustentou.

É que, recordou, "a generalidade das empresas portuguesas viciaram-se, ao longo da década de 90, num modelo de financiamento que privilegiava o acesso ao crédito bancário fácil, simples e barato".

E isto "ao ponto de o tecido empresarial português, nomeadamente as PME [Pequenas e Médias Empresas], estar hoje numa situação onde o rácio de dívida sobre o 'cash flow' operacional médio ser superior a seis, que é o rácio mais alto de endividamento de todos os países da Europa Ocidental".

De acordo com o governante, o Ministério da Economia, em colaboração com o Ministério das Finanças e com o Banco de Portugal, está "a trabalhar fortemente no sentido de acelerar a introdução de mecanismos de capitalização e de entrada de liquidez nas empresas portuguesas".

"É um dos pontos onde há maior margem de progresso relativamente à reestruturação e recuperação das empresas. Há muitos ativos viáveis parqueados em balanços de instituições financeiras que se forem reintroduzidos no mercado com gestões e capitais adequados, podem significar um sangue novo e competitivo na economia nacional", salientou Pires de Lima.

Para o ministro, o sucesso da economia portuguesa passa necessariamente pela aposta no desenvolvimento dos bens e serviços transacionáveis, ou seja, "na indústria", agora que está feita "a maior reforma dos últimos 4/5 anos", que foi a mudança cultural de levar "empresários e gestores a sairem da sua zona de conforto, deixando de se focarem no seu mercadozinho doméstico para fazerem do mundo a sua casa".

Afirmando viver "o momento presente" com um "sentimento de confiança e de otimismo realista, pragmático", Pires de Lima apelou aos empresários para que "continuem a apostar no caminho da qualificação" e apontou-os como os "responsáveis" por "criar nas empresas modelos de negócio de valor acrescentado".

"Os trabalhadores portugueses, quando bem liderados e bem geridos, são do melhor que há. Compete aos líderes mostrarem o caminho e dar o exemplo", rematou o ministro.

PD //CSJ

Lusa/fim

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