Vírus: Casinos de Macau podem perder 50% no 1.º trimestre e recuperação será "muto lenta"

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Porto Canal com Lusa

Macau, China, 05 fev 2020 (Lusa) -- Analistas disseram hoje à Lusa que o encerramento dos casinos em Macau, devido ao surto do novo coronavírus, pode representar perdas de 50% das receitas no primeiro trimestre e que a recuperação "vai ser muito lenta".

"Algumas estimativas já vindas a público apontam para descidas de cerca de 50% das receitas brutas de exploração do jogo no primeiro trimestre de 2020", afirmou à Lusa o advogado português especialista na área do jogo Carlos Eduardo Coelho.

A decisão anunciada na terça-feira pelo chefe do executivo de Macau, Ho Iat Seng, de que os casinos iriam encerrar à meia-noite, não é inédita, mas a sua duração, sim. Duas semanas é o tempo que o motor da economia de Macau, capital mundial do jogo, vai estar parado, decisão que foi conhecida logo após a confirmação do 10.º caso de novo coronavírus no território.

"Acho que os casinos não pediram para fechar, mas acho que perceberam que era uma situação inevitável", disse à Lusa o diretor executivo da empresa especializada em jogo 2NT8, Alidad Tash.

Só que, "a cada dia, a crise foi ficando pior", com a queda no turismo de quase 80% na semana do Ano Novo Lunar, altura em que os casinos normalmente registam enchentes e avultados ganhos provenientes das apostas dos milhares de turistas da China continental.

"Andávamos pelos casinos e eles estavam praticamente vazios", frisou.

"As concessionárias de jogo não pediram para fechar. Foi uma decisão do executivo de Macau, assumidamente difícil de tomar, conforme as declarações vindas a público. De um ponto de vista económico, a decisão não é boa para nenhuma das partes envolvidas", justificou o advogado português, acrescentando ter sido "uma medida necessária por motivos de saúde pública".

Para piorar, explicou Alidad Tash, os últimos dois casos de coronavírus registados no território tinham "muita aproximação com as pessoas dentro dos casinos".

"Uma trabalhava num casino [Galaxy] e o outro era um condutor de autocarros" da Sociedade de Jogos de Macau, fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, precisou o analista.

O encerramento, apesar de não ser inédito, nunca teve esta duração: "Após a passagem do Tufão Hato em 2017 houve alguns casinos que estiveram encerrados, por não estarem em condições de operar", lembrou o advogado, sócio sénior do escritório MDME.

Também um ano mais tarde, recordou Carlos Eduardo Coelho, "aquando da passagem do Tufão Mangkhut, pela primeira vez as autoridades de Macau ordenaram o encerramento de todos os casinos por questões de segurança".

O diretor executivo da empresa especializada em jogo 2NT8 aposta que o encerramento vai prolongar-se para além das duas semanas, até porque o surto do novo coronavírus parece estar longe de estagnar.

Mesmo que os casinos abram daqui a pouco tempo, frisou Alidad Tash, "a recuperação vai ser muito lenta".

Um cenário problemático visto que a economia de Macau é praticamente centralizada na indústria do jogo.

O Orçamento do Governo para 2020, feitas no final de 2019, meses antes de o surto do novo coronavírus atravessar a fronteira, continuava a demonstrar uma economia local altamente dependente da indústria do jogo: o executivo previa recolher 91 mil milhões de patacas (10 mil milhões de euros) em imposto especial sobre o jogo, ou seja, cerca de 74,5% do total das receitas.

O líder de Macau, no dia em que tornou pública a decisão de encerrar os casinos, assumiu ter sido uma "decisão difícil" e que "vai causar muitos danos económicos", mas que "Macau consegue assumir esse risco".

No mês de janeiro, as receitas dos casinos em Macau desceram 11,3%, em relação a igual período de 2019, muito por culpa da redução de turistas no território, que já tinha verificado o seu primeiro caso de infeção do novo coronavírus.

Os casinos fecharam 2019 com receitas de 292,46 milhões de patacas (cerca de 32,43 milhões de euros), menos 3,4% do que no ano anterior.

Capital mundial do jogo, Macau é o único local na China onde o jogo em casino é legal. Operam no território seis concessionárias: Sociedade de Jogos de Macau, fundada pelo magnata Stanley Ho, Galaxy, Venetian (Sands China), Melco Resorts, Wynn e MGM.

MIM // VM

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