PAN considera que Barragem do Foz Tua poderá alterar qualidade do Vinho do Porto
Porto Canal / Agências
Porto, 12 mar (Lusa) -- O Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN) considerou hoje que a construção da Barragem do Tua poderá, devido à mudança nos ecossistemas, alterar a qualidade da produção do Vinho do Porto.
"O Vinho do Porto é um património e cartão de visita do país, por esse motivo, esta é uma questão preocupante", afirmou à agência Lusa um dos militantes do partido, Luís Teixeira, durante a exibição do documentário "Vale do Tua", no Porto.
Além disso, frisou, o Vinho do Porto é uma "mais-valia" e um negócio "muito forte" na vertente económica do país, que fica, assim, ameaçada.
Luís Teixeira realçou que, mais do que o impacto paisagístico, está em causa a possível perda de vinhas.
"O ecossistema do Vale do Tua, único na Europa, está severamente ameaçado pela construção da barragem e as consequências são gravíssimas e irreversíveis", declarou o dirigente do PAN.
Segundo o dirigente, "o Plano Nacional de Barragens representa 20% daquilo que Portugal foi pedir emprestado à 'troika'".
Luís Teixeira disse acreditar ser possível travar a prossecução da barragem, desde que haja "despertar de consciências".
Sem ações previstas a breve prazo, o representante do PAN realçou que o maior problema é mobilizar, sensibilizar e despertar as pessoas para o problema e para a importância do património que vai ser destruído.
Há três anos que a EDP está a construir a Barragem de Foz Tua, entre os concelhos de Alijó (Vila Real) e Carrazeda de Ansiães (Bragança), que se prevê que entre em funcionamento em meados de 2016.
O Aproveitamento Hidroelétrico vai ter uma potência instalada de 252 megawatts, representando uma produção bruta de 667 gigawatts hora por ano.
Este empreendimento, com um custo de 370 milhões de euros, implica a submersão de parte da linha ferroviária do Tua, construída há cerca de 130 anos.
A obra levou já também à intervenção da UNESCO, na sequência de uma queixa do Partido Ecologista "Os Verdes", que alegava por em causa a classificação do Douro Património da Humanidade.
A UNESCO concluiu que a barragem e o Douro são compatíveis, mas impôs condições que levaram a um abrandamento dos trabalhos e um atraso de um ano no calendário inicial.
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