Netanyahu está "politicamente acabado" - embaixador palestiniano em Portugal

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 26 nov 2019 (Lusa) -- O embaixador da Palestina em Portugal considera que o primeiro-ministro israelita está "politicamente acabado", mas não pensa que a eventual saída de Benjamin Netanyahu da política signifique uma grande mudança para os palestinianos.

"Cabe aos israelitas decidir, mas na minha opinião está acabado, politicamente acabado", declarou hoje Nabil Abuznaid à agência Lusa quando questionado sobre se as acusações do procurador-geral de Israel a Netanyahu na semana passada poderiam representar o fim do 'reino' de "Bibi", como também é conhecido o chefe do governo israelita.

"Na minha opinião, se me respeito depois desta acusação, se eu fosse o Netanyahu eu sairia de cena e deixaria os israelitas decidirem o que querem fazer. As pessoas não sabem o que fazer. Ele quer novas eleições, ele quer mudar o sistema, ele está a dizer que todos os outros estão errados e ele está certo", adiantou o embaixador palestiniano, há dois anos em Lisboa.

Após o anúncio do procurador-geral de Israel, Avichaï Mandelblit, da decisão de o acusar de fraude, suborno e abuso de confiança em três casos de corrupção, o primeiro-ministro israelita em funções denunciou as "falsas acusações motivadas por considerações políticas" e referiu-se a uma "tentativa de golpe".

Nabil Abuznaid chamou a atenção para a atitude de Netanyahu ao questionar a independência da justiça israelita ser semelhante "com as coisas que (o Presidente norte-americano Donald) Trump diz nos Estados Unidos".

"Ambos são criminosos à sua maneira, acusados de crimes, os dois, pelos seus povos, não somos nós a criticar e a acusar Trump e Netanyahu, são os seus próprios povos, (...) os seus sistemas de justiça", assinalou.

Segundo o representante da Autoridade Palestiniana, "os israelitas estão preocupados que ele (Netanyahu) possa começar uma guerra amanhã para sobreviver ao seu problema pessoal (...) às suas acusações de crimes".

Netanyahu "nunca fez realmente nada (...) pelos israelitas, exceto fazê-los viver no medo, fazê-los sentir que tinham mais poder, que são os mais fortes, que eram superiores", disse, adiantando que o primeiro-ministro há 10 anos consecutivos no poder em Israel também nada fez "pela civilização e pela paz".

"É assim que penso que avaliamos as pessoas e as julgamos, o que é que ele fez pela humanidade?", questionou.

Mas se Netanyahu deixar a política, Abuznaid pensa que "infelizmente não haverá grande mudança" na situação dos palestinianos "porque a direita cresceu bastante nos últimos 10 anos" e "o campo da paz foi destruído depois do assassínio de (Yitzhak) Rabin", o primeiro-ministro de Israel que reconheceu a Organização de Libertação da Palestina (OLP) e que foi assassinado por fundamentalistas judeus em 1995.

"Em Israel penso que será igual, um é mais simpático do que o outro. A política de Israel hoje está muito mais à direita, infelizmente a esquerda parece que não está lá", insistiu.

Os dois principais partidos israelitas -- Likud (direita), de Benjamin Netanyahu, e Azul e Branco (centro), de Benny Gantz -- saíram empatados das eleições de 17 de setembro, sem que tenham sido capazes, até agora, de encontrar uma solução governativa de apoio maioritário no Parlamento.

Para evitar uma terceira eleição em menos de um ano, o Presidente israelita, Reuven Rivlin, instruiu a semana passado o parlamento a encontrar uma solução de Governo, que se tornou ainda mais difícil com o anúncio da acusação formal de corrupção a Netanyahu.

Para o diplomata palestiniano, o partido de Gantz "está mais ou menos no meio, mais à esquerda que o Likud, mas ainda estão muito próximos".

"Gostávamos de ver um líder corajoso que dissesse basta, é tempo de viver em paz (com os palestinianos) como bons vizinhos", salientou Nabil Abuznaid, adiantando que neste caso a Autoridade Palestiniana está pronta para negociar e para fazer concessões.

PAL // EL

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